Em novembro, pelo terceiro ano consecutivo, Portugal foi eleito o melhor destino de viagem do mundo no World Travel Awards, considerado o Oscar do turismo. Na premiação, que é realizada desde 1993 e decidida por meio de votação de profissionais do setor e de viajantes, a capital do país, Lisboa, ganhou como melhor destino para um city break – ótima opção para estadias de curta duração pela sua qualidade e diversidade de serviços em hotéis, restaurantes e atrações turísticas. E mais: o arquipélago da Madeira venceu como melhor destino insular e Passadiços de Paiva, em Arouca, faturou na categoria melhor atração turística no segmento aventura.
Essa onipresença portuguesa deve ser, paradoxalmente, a razão pela qual o país não foi citado em nenhum dos rankings de melhores viagens a fazer em 2020 elaborados por quatro das principais empresas e publicações do turismo. É hora de conhecer ou desbravar novos endereços no mapa-múndi. Novos mesmo, como a Macedônia do Norte, nome pelo qual a Antiga República Iugoslava da Macedônia passou a ser chamada em 2019. O país dos Bálcãs figurou em terceiro lugar na lista do Lonely Planet, atrás apenas de Butão e Inglaterra (confira cada seleção logo abaixo).
Uma cidade próxima liderou as escolhas da National Geographic: Mostar, na Bósnia e Herzegovina. Parcialmente destruída durante a Guerra da Bósnia (1992-1995), Mostar ainda apresenta cicatrizes, mas muitos prédios e locais da Cidade Velha foram reerguidos ou restaurados ao longo dos 25 anos desde o acordo de paz – como a ponte Stari Most, que conecta o lado oeste, predominantemente cristão e croata, ao leste, de maioria bósnia e muçulmana.
O Brasil ficou bem posicionado no ranking da revista americana Condé Nast Traveler: depois da Armênia, o destino mais valorizado é a Bahia. O texto da jornalista Megan Spurrell destaca as heranças africanas e o Pelourinho, a cozinha apimentada e a batida da música, os hotéis inaugurados recentemente, como o Fasano Salvador e o Fera Palace, e os novos voos ligando os Estados Unidos ao nosso país, agora sem necessidade de visto.
Outra lista que cita o Brasil é a do Airbnb. Com base no volume de locações do site de hospedagem, Ubatuba, no litoral de São Paulo, aparece na 15ª colocação. Suas atrações são as mais de cem praias, as competições de surfe e as trilhas que podem ser feitas adentrando a Mata Atlântica.
A lista do Lonely Planet
Ao colocar o Butão no topo, o site de turismo enfatiza a política de mínimo impacto praticada nesse pequeno pedaço do Himalaia, na Ásia. Cobra-se uma taxa diária apenas para pôr os pés em suas montanhas e seus monastérios budistas. O único país com pegada negativa de carbono deve se tornar, em 2020, o primeiro com agricultura 100% orgânica.
- Butão
- Inglaterra
- Macedônia do Norte
- Aruba
- eSwatini (Suazilândia)
- Costa Rica
- Holanda
- Libéria
- Marrocos
- Uruguai
A dica da Rosane Tremea: "Um vizinho muito convidativo"
O fato de estar tão próximo de nós às vezes faz desmerecer férias ou mesmo visitas curtas ao Uruguai. O que é um equívoco absurdo. E aqui não fala uma expert no nosso vizinho, mas alguém que é conquistada a cada vez que vai a Montevidéu e arredores (na última vez, tive um almoço inesquecível na Vinícola Bouza) e que se encantou ao retornar a Colônia do Sacramento e a Punta del Este (já fora da temporada, me esbaldei no Parque de las Esculturas, no Museu Ralli e em restaurantes do Boulevard Gourmet, além da esticada básica até a Casapueblo).
Projetando 2020, será uma das minhas escolhas nos primeiros meses do ano, de olho em atrações como o Carnaval uruguaio, um mix de teatro e dança que é celebrado em doses homeopáticas por mais de 45 dias (em 2020, a largada será em 23 de janeiro) e que tem no Museo del Carnaval, junto ao Mercado del Puerto, em Montevidéu uma mostra bem bacana da festa (atenção: no verão, de dezembro a março, abre de segunda a sexta, das 11h às 17h). Ou mesmo em atrações renovadas da Capital, como o reestruturado Mirante Panorâmico de Montevidéu (Av. 18 de Julio, 1.360, 22° andar, no edifício sede da Intendência Departamental), com entrada gratuita. Da praia à cidade, há muito Uruguai para desfrutar.
A lista da Condé Nast Traveler
A revista americana elegeu a Armênia, um pequeno país no Cáucaso, como o grande destino para 2020. Destacou Yerevan, a "cidade rosa", por conta dos prédios soviéticos pintados de salmão, o memorial em homenagem às vítimas do genocídio de 1915 e Etchmiatsin, considerada a mais antiga catedral do mundo.
- Armênia
- Bahia (Brasil)
- Salt Pans (Botswana)
- Ártico Canadense
- Ilhas Canárias (Espanha)
- Copenhague (Dinamarca)
- Dominica
- Dubai
- El Chaltén (Argentina)
- Guiana
- Metz (França)
- Mokpo (Coreia do Sul)
- Nashville (EUA)
- Okinawa (Japão)
- Ruanda
- Eslovênia
- Sri Lanka
- Southeastern Australia
- Southwest Michigan
- Tangier (Marrocos)
A dica da Rosane Tremea: "Sinônimo de paz e confiança"
Eleita reiteradamente como uma das cidades mais felizes do mundo, Copenhague, a sexta neste ranking, para mim pode ser resumida em uma cena: quando vão a lugares públicos fechados, muitos pais de bebês adormecidos os deixam em seus carrinhos na rua, mesmo longe de sua vista. O que para alguns de nós parece descuido, para eles é sinal de segurança, tranquilidade, confiança. Se os filhos – bebês ou não – tiverem algum problema, alguém, conhecido ou não, os ajudará.
A capital da Dinamarca também é sinônimo de flores frescas e velas em bares, restaurantes, hotéis, banheiros públicos ou privados. Nela também sobressai a agilidade das bicicletas em meio ao trânsito amigável, os barcos de passeio pelos canais, as pontes móveis e, obviamente, Nyhavn – como resistir às fotos no colorido porto? Se o editor permitir, recomendo vivamente mais dois destinos da lista: a música em Nashville (EUA) e o verde da Eslovênia merecem atenção.
A lista da National Geographic
Além de Mostar, na Bósnia-Herzegóvina, a tradicional revista destacou bastante a província chinesa de Guizhou (descrita como um lugar “quase intocado pelo tempo”) e a pouco visitada região de Tohoku, no Japão (com florestas, lagos e templos milenares).
- Mostar (Bósnia-Herzegóvina)
- Província de Guizhou (China)
- Tohoku (Japão)
- Kéktúra (Hungria)
- Telc (República Tcheca)
- Magdalen Islands (Canadá)
- Wales Way (Reino Unido)
- Abu Simbel (Egito)
- Fort Kochi (Índia)
- Zakouma National Park (Chade)
- Philadelphia (EUA)
- Puebla (México)
- Deserto de Kalahari (sul da África)
- Grand Canyon, no Arizona (EUA)
- Maldivas
- Tasmânia (Austrália)
- Astúrias (Espanha)
- Göbekli Tepe (Turquia)
- Província de Mendoza (Argentina)
- Península de Kamchatka (Rússia)
- Guatemala
- Parma (Itália)
- Ilhas Canárias (Espanha)
- Floresta Bialowieza (Belarus/Polônia)
- Grossglockner High Alpine Road (Áustria)
A dica da Rosane Tremea: "Os templos de Ramsés II"
Para este ranking da National Geographic, pedi ao Beto Conte, sempre disposto a colaborar com o Viagem, que escolhesse seu preferido entre os 10 primeiros. Beto, que já andou por nada menos do que 139 países, esteve em três desses top 10 e mandou pra gente a dica dos templos de Abu Simbel, no Egito, Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco.
Gigantes entalhados em arenito, eles também chamaram atenção pelo empreendimento milionário para salvá-lo de submergir nas águas do Nilo quando da construção da barragem de Asuan, que represou suas águas, gerando o lago Nasser. Os dois templos, construídos por Ramsés II no século 13 a.C, foram desmontados na década de 1960, peça por peça, e reconstruídos em um ponto mais alto. Os templos, muito bem preservados, são dedicados a Ramsés e a sua esposa preferida Nefertari. Beto observa que percorreu o Egito em companhia de Monsieur Roche – Alexandre Roche, que manteve em Porto Alegre o instituto que levava seu nome e havia vivido em Alexandria.
A lista do Airbnb
O ranking do site de hospedagem é montado de acordo com o pedido de reservas. Milwaukee, no Estado de Wisconsin (Estados Unidos), ficou em primeiro lugar por uma combinação de atrações gastronômicas e culturais (como um museu desenhado por Santiago Calatrava) e sazonalidade: será, em 2020, a sede da Convenção Nacional do Partido Democrata.
- Milwaukee (EUA)
- Bilbao (Espanha)
- Buriram (Tailândia)
- Sunbury (Austrália)
- Romênia
- Xi’an (China)
- Eugene (EUA)
- Luxemburgo
- Guadalajara (México)
- Vanuatu
- Cali (Colômbia)
- Cape Canaveral (EUA)
- Aberdeen (Escócia)
- Courtenay (Canadá)
- Ubatuba (Brasil)
- Les Contamines-Montjoie (França)
- Tóquio (Japão)
- Kerala (Índia)
- Malindi (Quênia)
- Maastricht (Holanda)
A dica da Rosane Tremea: "O último grão-ducado"
Confesso que não estava na minha lista de prioridades, mas quando me sugeriram ir a Luxemburgo, no ano passado, me perguntei: por que não? Gosto de conhecer lugares de verdade que parecem de mentira. É assim na cidade e no país de mesmo nome, que tem um terço da população de Porto Alegre (500 mil habitantes) e onde se mantém o último Grão-Ducado do mundo.
Fica ali apertadinho entre Bélgica, França e Alemanha e muito próximo da Holanda, onde eu estava. É um lugar multicultural, trilíngue (francês, alemão e luxemburguês), onde se vai de castelos a casamatas esculpidas na pedra – um sistema de defesa criado em 1644 e que, nas guerras mundiais do século 20, serviam de abrigo para até 35 mil pessoas; abertas ao público em 1933, são Patrimônio Mundial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Come-se e bebe-se bem, as estradas são perfeitas e, quando visitei a capital, por conta de uma feira anual realizada há quase 700 anos, o transporte era gratuito durante um mês inteiro. Por que não ir?