Luciano Ribeiro Pires
Servidor público e viajante
Chegar à Mongólia é alcançar uma vasta região que nos remete a um capítulo da História muitas vezes quase desconhecido pelo mundo ocidental. Daqui, Gengis Khan iniciou a unificação dos povos mongóis, e promoveu a expansão e a formação, no século 13, do maior império contíguo de que a humanidade já teve notícia. Sua maior ambição era vencer o Império Chinês, na época governado pela dinastia Jin, e assim o fez. Os mongóis governaram uma ampla área geográfica que abrigou desde a Coreia e o Vietnã, passando pela Índia e pela então Pérsia, até onde está situada a Hungria.
Hoje, a Mongólia é o país com a menor densidade demográfica do mundo – é inferior a dois habitantes por quilômetro quadrado. Dos 3,1 milhões de habitantes, quase a metade (1,5 milhão) mora na capital, Ulaanbaatar. A cidade fica localizada entre colinas, no vale do Rio Tuul. No alto do mirante Zaidan, pode-se ter uma noção de sua extensão. Influenciada pelo crescimento econômico da vizinha China, a metrópole está repleta de construções e enfrenta congestionamentos no trânsito.
Ulaanbaatar, que significa Herói Vermelho, foi fundada em 1639 para ser um centro monástico budista nômade. Mudou de local cerca de 30 vezes até ficar em definitivo onde está. O nomadismo persiste: estima-se que cerca de 40% dos mongóis preservem a tradição de viver no estilo itinerante. Vivem nas iurtas, tendas circulares feitas com lã ou feltro e com estruturas de madeira facilmente desmontáveis e de fácil transporte. O povo atravessa paisagens singulares destes confins da Ásia: desertos, estepes, lagos, florestas e montanhas. Lá, pude andar de camelo-bactriano, o de duas corcovas, no Deserto de Gobi; estar próximo dos imponentes e úteis iaques nas colinas pedregosas; e avistar o raríssimo cavalo-de-przewalski.
Na capital, estão os mais importantes prédios governamentais, a grande maioria ainda em estilo soviético, resquícios da época do regime comunista e de dominação da vizinha União Soviética, mas existem modernos arranha-céus de corporações mesclados com mosteiros budistas.
No passeio que fizemos, fomos ao monastério budista Gandantegchinlen. A paz do lugar é um pouco quebrada por causa da quantidade de turistas, mas vale muito a pena. Há uma esplendorosa estátua de bronze e de ouro com 26 metros de altura, retratando Avalokiteshvara, um bodisatva que representa a suprema compaixão. Na parte externa, vivem inúmeros macacos.
Outra visita foi à Praça Sukhbaatar, bem no centro da cidade. Duas estátuas homenageiam Genghis Khan, considerado um dos mais sanguinários guerreiros e um herói nacional. Em uma, ele está sentado. Na outra, montado em um cavalo.
Para fechar o dia, fomos ao Palácio de Inverno Bogd Khan, um museu que abriga peças artísticas e objetos pessoais do governante que emprestou o nome à construção. Ele foi o líder do país quando ficou independente da dinastia Qing, da vizinha China, em 1911.
Esporte e comida
- Um passeio imperdível é ir ao Parque Nacional de Terelj, não muito distante da capital, com belos campos verdejantes. O visitante pode acampar nas iurtas e vivenciar um pouco dos hábitos e das tradições mongóis. Assisti a uma recriação do festival de Naadam, com demonstrações de esportes populares do país: arco e flecha, luta livre e atividades equestres.
- A dieta do povo mongol é composta basicamente por carnes, gorduras e produtos lácteos. Tive oportunidade de provar pratos à base de leite e carne, além de uma sopa que era quase que uma gordura fervente. Uma experiência interessante, mas nada palatável. Deve proteger o povo no inverno rigoroso, que dura quase nove meses.
A Mongólia
- Capital: Ulaanbaatar
- População: 3,1 milhões de habitantes
- Língua oficial: Mongol
- Moeda: Tugrik (R$ 1 equivale a 658 tugriks)