Opção para curtir a natureza e se refrescar, as cachoeiras são bastante procuradas por quem viaja à Serra, desde os aventureiros profissionais até os passeadores de final de semana. Em Caxias do Sul, onde os balneários públicos são escassos, o interior oferece quedas d’água que em nada perdem para destinos mais visados, como o Salto Ventoso, em Farroupilha, ou o Parque das Cascatas, em Lajeado Grande (São Francisco de Paula).
A reportagem visitou três cascatas e cachoeiras relativamente “escondidas” (que nos entendam os ecoturistas mais assíduos): a Cascata dos Molin, em Vila Seca, o Grutão dos Índios, em Santa Lúcia do Piaí, e a cachoeira da Gruta de Nossa Senhora de Lourdes da Terceira Légua. Além de proporcionarem o contato com o espetáculo da natureza, elas ajudam a contar a história da região e dialogam com a religiosidade que é uma das marcas serranas.
Cascata dos Molin
Próximo a Ana Rech, em Caxias do Sul – queda de 50 metros
Foi opinião unânime entre a equipe de reportagem: a queda d’água mais bonita de Caxias fica no distrito de Vila Seca e atende por Cascata dos Molin. Este pequeno paraíso fica numa localidade chamada São Gotardo, a apenas sete quilômetros do centro do bairro de Ana Rech. Uma peculiaridade é a possibilidade de vislumbrar a queda d´água de 50 metros de altura passando por trás dela, percorrendo um caminho bem acessível entre as pedras. Somente ao final de uma trilha traçada por entre as árvores contempla-se de frente a cascata e o poço em toda a sua exuberância.
Para quem gosta de trilhas longas e de alto grau de dificuldade, a Cascata Molin pode ser um pouco decepcionante. A caminhada até a base da cachoeira é curta e não reserva maiores emoções, o que a torna ainda mais indicada para quem só busca um bom passeio para desopilar sem se afastar muito da cidade (fica a 27 quilômetros do centro de Caxias). Aventura pode ser a de encontrar a entrada da trilha. Sem uma sinalização específica que ajuda a levar à cascata, a dica é usar o dom da comunicação e perguntar aos moradores das proximidades, que são acostumados a indicar o caminho.
A visitação é gratuita e permanente, mas não há camping nem estacionamento próximo. Quem for de carro pode deixar o veículo em um recuo da estrada perto da entrada da trilha.
Grutão dos Índios
Distrito de Santa Lúcia do Piaí, em Caxias do Sul – queda de 40 metros
Local rico em beleza e história, o Grutão dos Índios fica em Santa Lúcia do Piaí, Caxias do Sul, a sete quilômetros da sede do distrito e a 16 quilômetros de São Luiz da 6ª Légua. O aumentativo não é por acaso. A gruta que servia de morada temporária para os índios caingangues, principalmente na época de colher pinhões, impressiona por suas dimensões: 50 metros de largura por 30 metros de altura e uma fenda de 10 metros de profundidade. A paisagem se completa por uma queda d’água que forma um poço de dimensões generosas. Por ter cinco metros de profundidade e pedras escorregadias, não é recomendado o banho. Em outras áreas mais rasas, possíveis de serem acessadas caminhando sobre as pedras, é mais tranquilo entrar na água.
A trilha que leva até a base da cachoeira é bastante íngreme, mas não chega a ser perigosa. Convém, é claro, levar calçados adequados, além de repelente. A caminhada pode ser feita em 15 minutos, com segurança. O local é bastante frequentado por ciclistas e praticantes de rapel, além grupos de amigos e famílias. Há uma área para acampar com alguma infraestrutura, como mesas, bancos e churrasqueiras. Por ser uma propriedade privada, é preciso pagar taxa de R$ 8 por pessoa.
Gruta Nossa Senhora de Lourdes (ou Cascata da Terceira Légua)
Travessão Santa Rita (Terceira Légua), em Caxias do Sul – queda de 60 metros
Para chegar à cascata da gruta de Nossa Senhora de Lourdes da Terceira Légua, percorre-se 16 quilômetros desde o centro de Caxias, pela Estrada do Imigrante. Ao adentrar o pequeno parque que serve de acesso à gruta, o visitante desde uma escada de 150 degraus (cada um corresponde a uma oração do rosário), que poderá se revelar um pequeno problema para os joelhos na hora de subir. Mas nada grave. Após caminhar por uma trilha de aproximadamente 15 minutos pela mata nativa até o pé da cascata – bem sinalizada por pequenas placas presas às árvores –, a paisagem compensa cada gota de suor.
Das pedras que circundam o poço, observa-se uma imponente formação rochosa de 60 metros de altura. Ao mesmo tempo em que a queda d’água alegra os olhos, o barulho da água batendo nas pedras de basalto é música para os ouvidos. Um convite a relaxar sozinho ou acompanhado contemplando a beleza e a história de um dos pontos mais bonitos da cidade. Contudo, convém ficar atento às condições climáticas. Sob a menor ameaça de chuva, melhor ir embora, pois o caminho pode ficar escorregadio e perigoso.
Descoberta nos anos 1940 por caçadores, a gruta serve de abrigo à capela inaugurada em 1949. Há 70 anos, os moradores da Terceira Légua se reúnem no segundo domingo de cada mês para a celebração religiosa, dia em que a visitação à cascata é proibida, assim como a prática de rapel e escalada (o local está entre os preferidos de praticantes desses esportes). Nos demais dias, a visitação à gruta e à cascata é gratuita, havendo inclusive um bar na entrada do parque para garantir o lanche.