Sustentabilidade e turismo rural, eis a proposta do biólogo Leandro Karam, idealizador da Via Ecológica Serra dos Tapes. O roteiro, acompanhado pela turma do #PartiuRS, convida a dar uma parada no tempo para visitar as regiões coloniais do sul do Estado. Nas paisagens de Pelotas e Morro Redondo, pode-se, ao mesmo tempo, relaxar e testar os próprios limites, em passeios de bicicleta ou a pé.
— A gente encontra muitos lugares bonitos, os últimos resquícios de Floresta Atlântica dentro do bioma Pampa, muitas propriedades familiares, que é uma das características da nossa região também — conta Karam.
Para quem sai da Capital, é só pegar a BR-116 em direção Sul e rodar até o trevo que dá acesso ao Centro de Eventos da Fenadoce. Aí, é preciso virar à direita e rodar mais 16 quilômetros pela BR-392 em direção a Canguçu.
O percurso total do Serra dos Tapes é de 115 quilômetros, cumpridos em três dias e duas noites. Os pacotes variam de acordo com a modalidade, as refeições e a hospedagem escolhidas (leia mais ao fim desta reportagem). Mas o ponto de partida é sempre o mesmo: o Trevo da Cascata, em Pelotas.
No início do passeio, os participantes recebem instruções, mapas e atualizações de GPS. Karam dá dicas importantes:
— Pessoal tem de vir com uma bicicleta apropriada, um equipamento de segurança, uma mochilinha ou um bagageiro, trazendo alguns utensílios de que vão precisar no meio do caminho. Protetor solar sempre é necessário. Água, ao menos umas duas garrafinhas.
Saindo da BR-392 para uma estrada de chão, de cara se percebe que o caminho será colorido, cheio de flores e de lindos cenários – mas também de subidas e descidas.
O caminho tem placas indicativas. Nós pedalamos ao lado de Karam e de um grupo que já contava com certa experiência sobre duas rodas. Eu era a exceção, mas isso é só um detalhe, né?
— É uma mudança de vida, é qualidade de vida, saúde e felicidade. É ficar pleno, sabe? — diz a pedagoga Izabel Laguna, que faz cicloturismo há quatro anos.
Plenitude que, às vezes, requer uma mão amiga, quando o cansaço começa a bater, o calor ataca, a subida é mais íngreme...
O que não é novidade por aqui é a hospitalidade dos moradores. Famílias abrem suas casas para receber quem chega. No primeiro domingo de cada mês, Solange Cruz oferece café colonial (R$ 25 por pessoa) com produtos feitos por ela própria:
— A gente faz o possível para agradar a turma, para mostrar aquilo que a nossa propriedade tem. Nossa alimentação se baseia no orgânico. Sem conservantes, só produtos naturais. A fruta é colhida por nós.
Dá para visitar a propriedade e conhecer a produção de morangos e o galinheiro. A dentista Joelma Freitas comenta:
— Nós temos uma vida tão urbana, tão corrida. Quando fazemos isso aqui, nossa… É renovação total de energia!
Imersão na natureza e distância do celular
A próxima parada é em um sítio, onde dá para descansar, curtir o espaço e, principalmente, fica pertinho da natureza.
— É realmente uma imersão na natureza, se sentir fazendo parte dela. Podemos olhar vários modos de sustentabilidade, além de curtir uma boa trilha ou um banho de arroio — diz o empresário Pedro Vieira.
— Tentamos entrar nessa proposta de ficar menos com o celular, nas redes sociais, então fazemos atividades ao ar livre, a alimentação é mais saudável. A ideia é estar no mais simples para conseguir se achar — reflete Schirley Lima, estudante da área de saúde em Rio Grande.
Em Morro Redondo, depois de tanta pedalada e caminhada, já dá para encarar mais um café colonial. Os anfitriões são os Schiller, família que, depois de oito anos, trocou a produção de fumo pela agroecológica e resolve abrir as porteiras aos turistas.
— A gente se sentiu feliz quando chegou aqui, e esse pessoal que nos visita também sai feliz. Há pessoas que vieram três, quatro vezes. E quem vem pela primeira vez promete voltar – afirma a produtora rural Jurema Schiller.
No dia seguinte, seguimos rumo a Colônia Maciel, no interior de Pelotas. A ponte homônima é uma estrutura de mais de 30 metros de altura sobre o Arroio Pelotas. Paramos na propriedade da família Schiavon, onde fomos recepcionados com uma cesta cheinha de laranjas e pêssegos, a principal fruta da região. Depois, saboreamos uma deliciosa galinhada e fomos embora comendo morangos.
Para participar
-O site da Via Ecológica Serra dos Tapes é serradostapes.com.br. Telefone: (53) 98138-8033, com Leandro Karam. E-mail: contato@serradostapes.com.br
-Os pacotes variam entre R$ 300 para dois dias até R$ 1,3 mil para seis dias.
-Pode-se fazer pacotes individuais ou para grupos de até seis pessoas. Para grupos maiores, deve-se solicitar orçamento.
-É preciso fazer um orçamento se quiser incluir serviços opcionais, como traslados, transporte de bagagens, guiamento, veículos de apoio e locação de bicicletas.