A praia não é a única opção para quem quer fugir do calor no Estado. Cachoeiras e cascatas convidam para o restinho das férias de verão ou para um passeio de fim de semana. O município de Itapuca, no Vale do Taquari, por exemplo, oferece uma série de quedas-d’água. São um refúgio de beleza em meio à mata.
O som relaxa, a paisagem deslumbra e a água refresca nos dias quentes. São recompensas para quem decide encarar a distância – saindo de Porto Alegre, o viajante vai percorrer cerca de 228 quilômetros, por seis estradas, em uma jornada que dura pelo menos três horas.
Itapuca nasceu em 1891, quando chegaram os primeiros moradores. Hoje, são pouco mais de 2 mil. É claro que no centro da cidadezinha tem uma igreja, a Matriz São Miguel Arcanjo, de 1917, que foi construída em madeira e, depois, reformada em concreto.
Quando foi erguida a nova igreja, também foram feitas duas cisternas. Elas não estão mais ativas, mas há cerca de 90 anos eram importantes: a água captada da chuva era usada para limpeza e também pra abastecer os moradores. Hoje, a água benta é a única que o pessoal leva de lá.
As águas que procuramos ficam afastadas da cidade. Depois de alguns quilômetros por estrada de chão, deixamos o carro para fazer o trajeto a pé. Não demora a se encontrar a Cachoeira do Moinho, que está em terras particulares, mas é aberta a quem quiser visitar – e sem ter que pagar nada. Só convém dar uma ligadinha para o dono antes, pelo telefone (51) 3613-3160.
A queda-d’água tem 10 metros de altura e, em alguns pontos, a profundidade é de três a quatro metros. Por isso, é preciso cuidado se for tomar banho.
– O lugar aqui é para descansar. A gente vem, faz um churrasquinho, pesca, descansa, o lugar é show – diz Fabrício Borille, agente de monitoramento. – O barulhinho é só dos passarinhos.
Diversão rima com atenção
Entre cascatas e cachoeiras, Itapuca tem oito abertas ao público. Em um dia, a reportagem conseguiu visitar quatro, além do Pulador do Rio Guaporé, que separa os municípios de Itapuca e União da Serra. Aqui, o banho não é recomendado – se de um lado a correnteza é forte, do outro a aparente calmaria esconde água profundas. O negócio é apreciar a queda d’água.
Uma trilha difícil leva a cascatas mais altas, em uma propriedade privada. Para chegar à Cascata do Galo, com 30 metros de altura, são quase dois quilômetros caminhando pela encosta do morro em meio à vegetação. A dica é ir devagar – e nada de olhar para o celular, porque cada passo exige atenção. Alguns trechos dispõem de cordas de segurança. Quando a gente depara com o visual, entende o motivo de passar tanto trabalho.
O lugar é incrível. A parede de rocha e a vegetação protegem a cascata, que encontrou caminho pra desaguar entre as pedras. Quem quiser, pode se molhar, claro, mas com atenção, na beira, porque lá para o meio a profundidade ultrapassa dois metros.
Relaxar com essa paisagem é combustível para enfrentar a volta e mais uns 300 metros até a outra cascata nas proximidades, a Cascatinha.
O véu d’água tem 15 metros e é bastante usado para banho, sempre com cuidado. Os donos do lugar, Naivete Gambatto e seu marido, Luiz Telmo Ferreira dos Santos, cobram taxa de R$ 10. As visitas devem ser agendadas pelo telefone (54) 99929-8855.
— Isso aqui é um paraíso. Eu não tenho estresse, não tenho depressão, não tenho nada. Estou sempre de bem com a vida e acolho todo mundo —– diz Naivete.
Para alcançar a Cascata da Capivara, há um quilômetro e meio de trilha e deve-se atravessar um córrego. A queda d’água tem 20 metros de altura, e o banho é permitido – sempre lembrando que é fundo onde ela deságua. E vale avisar que em todos os lugares visitados pela reportagem as pedras são lisas e soltas.
— Nos locais um pouco mais perigosos, a gente informa a população por meio de placas e da orientação de que não entre na água, apenas observe a cascata — afirma o prefeito de Itapuca, Marcos Scorsatto.
Quer mais uma dica? Traga repelente, protetor solar, lanche... e muito fôlego e disposição. A caminhada pode ser árdua e longa, mas vale a pena para curtir essa espécie de spa natural.
#PartiuRS é uma série multimídia que mostra as belezas do Estado. Além do ZH Viagem, a série pode ser acompanhada aos sábados, no Jornal do Almoço, da RBS TV, e no site G1 RS. A coordenação é de Mariana Pessin (mariana.pessin@rbstv.com.br)