O #PartiuRS desta semana visita um pedacinho de paraíso com raízes portuguesas espalhadas em cada canto. É a Ilha dos Marinheiros, em Rio Grande, 25 quilômetros de pura natureza, um lugar de fé, tradição e tranquilidade para quem quer aproveitar as águas de lagoas. Para quem sai de Porto Alegre, o caminho é pela BR-116 até Pelotas e, depois, pela BR-392 até Rio Grande. São quase 300 quilômetros de viagem. Nossa parada é antes de chegar à cidade: da localidade da Vila da Quinta, faz-se a rota para as ilhas. A partir daí, são nove quilômetros de estrada de chão. Passando duas pontes, basta seguir uma faixa improvisada, mas que ajuda o turista a não se perder.
Chegando à Ilha dos Marinheiros, uma placa indica os principais atrativos. A dica é seguir pela direita. Dá para fazer a volta na ilha inteira. Entre construções e ruínas da arquitetura colonial portuguesa, há uma capelinha de São João Batista, datada de 1858.
A Ilha dos Marinheiros chegou a ter 10 mil habitantes, segundo a artista plástica Anna Lúcia de Azevedo, que há anos estuda a história portuguesa no local:
– Aqui era tudo areia. Não tinha madeira em lugar nenhum, só na ilha. Assim, os primeiros marinheiros foram pra lá, buscar essa madeira, e perceberam que as terras eram férteis. Aí a ilha veio crescendo junto com a cidade.
Uma das primeiras paradas é em um recanto criado em homenagem a Nossa Senhora de Lourdes. Ali estão as imagens da santa e da menina Bernadete, que teria presenciado uma aparição. Ambas foram feitas por Érico Gobbi, escultor riograndino que doou as obras de arte para a Ilha dos Marinheiros. O Santuário de Nossa Senhora de Lourdes existe há mais de 10 anos e é um dos pontos mais visitados.
Comilança e jurupiga
Fica na Ilha dos Marinheiros a única produção de morango orgânico de Rio Grande, a R$ 14 o quilo.
— A ideia surgiu há uns 15 anos. Foi uma questão de consciência: não era justo produzir morango para ser comido in natura com uma carga de agrotóxico – conta o produtor rural Abílio Ruas.
De volta ao carro, rodamos mais um pouco e encontramos a bebida mais característica da ilha. Já ouviu falar em jurupiga?
— É uma bebida um pouco doce, com teor de álcool mais elevado do que um vinho tradicional, mas ela é ótima pra acompanhar uma sobremesa, por exemplo — diz o produtor Hermes da Silva Dias. — Deve ser apreciada em pequenos goles. Não tomarmos de copão! Um pequeno cálice é o melhor.
A jurupiga, “bebida 100% portuguesa”, segundo Hermes, e o moranguinho foram aquecimentos – partiu comilança? No quiosque da Lucimar de Paula e Silva, tem pastéis de camarão e siri por R$ 8 e a cocada gelada a R$ 5, além de sagu, bolo de chocolate e fofurinha de queijo.
Depois de provar tanta coisa, era hora de queimar calorias. O exercício começou em uma subida de areia. Uns minutinhos depois, avistamos a Lagoa das Noivas. Não se sabe ao certo como ela surgiu, provavelmente pela ação da água da chuva e do vento forte. É cada vez mais visitada por quem quer trocar a agitação da Praia do Cassino pela calmaria das suas águas.
— Show de bola! Dá para ficar sentadinho na água, não tem onda. Dá pra ir até o meio lá, a água bate no máximo no peito – diz o vigilante Magaiver da Silva.
— Tem sombra na beira da praia, as crianças podem brincar — complementa o porteiro Oberdan da Silva.
Dono de camping no local (preços de R$ 25 a R$ 35), Reginaldo Marques acrescenta passatempos:
— Pode trazer caiaque, stand-up, vara de pescar, não tem problema nenhum!
#PartiuRS é uma série multimídia que mostra as belezas do Estado. Além do ZH Viagem, a série pode ser acompanhada aos sábados, no Jornal do Almoço, da RBS TV, e no site G1 RS. A coordenação é de Mariana Pessin (mariana.pessin@rbstv.com.br)