São mais de 500 quilômetros de praias, cercadas por montanhas verdes e Mata Atlântica preservada: fica difícil escolher o destino de verão perfeito em Santa Catarina. Do Norte ao Sul, há praias urbanas, selvagens, alternativas, famosas, desconhecidas, tranquilas e de ondas fortes, além de inúmeras cachoeiras.
Para esta reportagem, visitamos quatro delas: Sepultura, em Bombinhas; Lagoinha do Norte e Solidão, em Florianópolis; e Barra de Imbituba. Aproveite!
Lagoinha do Norte
Os carrinhos de praia com bandeiras de Uruguai, Paraguai e Argentina indicam: estamos no Norte da Ilha de Santa Catarina. Diferentemente das vizinhas Jurerê e Canasvieiras, contudo, na Lagoinha predomina a tranquilidade e há espaço na areia.O que não quer dizer que o idioma espanhol esteja menos presente.
Um exemplo é Julieta Martín, que estava hospedada com a família pelo quinto ano seguido em um hotel logo em frente à praia. Em uma manhã de sexta-feira, enquanto os termômetros marcavam 30ºC, era possível encontrá-la entre as várias cadeiras colocadas lado a lado na parte central da praia. Ela veio de Buenos Aires com outros 14 parentes, entre crianças e adultos, para aproveitar o calor do litoral catarinense por duas semanas.
O motivo para a escolha de Julieta pela Lagoinha é a mesmo de várias outras pessoas: a beleza natural. A praia é coberta parcialmente por uma longa área de mata, onde praticamente não há construções. Além de ficar mais tranquilo e próximo à natureza, quem visitar o local também pode aproveitar a areia mais dura para caminhar.
Como é protegida por dois costões de pedras nas extremidades, a praia tem mar quente e calmo – um pouco menos agitado que Jurerê, por exemplo. Para garantir a segurança, também há um posto com guarda-vidas que monitoram os banhistas.
O ponto negativo de ser uma praia isolada é a pouca infraestrutura próxima. Quem visitar de carro no verão, especialmente nos fins de semana, irá encontrar problemas com estacionamento. Há pouco espaço para deixar o veículo nas ruas próximas, e os locais privados cobram, em média, R$ 25 por veículo.
Oito estabelecimentos são as opções do local para refeições e petiscos. Quem preferir comer no conforto da cadeira de praia, poderá escolher entre sorvete (de R$ 3 a R$ 15), queijo coalho (R$ 5) e choripan (R$ 10). Também há opções mais naturais, como açaí com granola.
A pouca infraestrutura da praia não é problema para o casal Joel e Cris. Eles gostam tanto da Lagoinha que escolheram o local para abrir as comemorações do dia em que completavam 27 anos de casados. O passeio também foi o primeiro de muitos que pretendem fazer durante o verão naquela que é a praia favorita deles. Para fugir dos congestionamentos, o casal chega à praia antes das 8h e vai embora perto do horário de almoço, algo que aprenderam após 18 anos morando na Ilha.
Solidão e Cachoeira do Saquinho
Solidão é uma simpática vila, escondida por trás do morro ao sul da praia dos Açores. As placas de madeira, feitas à mão, indicam o caminho para chegar nesta espécie de relíquia de Florianópolis. A vista, ainda da pequena estrada de ligação com o resto da capital catarinense, já faz com que os olhares dos passageiros de um mesmo veículo se cruzem e concordem que o que estão vendo é a melhor alternativa.
Os poucos lugares para estacionar os carros revelam que o local não pode ser muito frequentado. Não suporta. E é justamente isso que transforma a praia da Solidão – nome sugestivo – em um lugar perfeito para férias.
A beleza da paisagem é algo indiscutível por aqueles que a conhecem. A extensão é curta e rodeada por árvores. Intimista. Há quem diga que é a mais charmosa praia de Florianópolis sem ser contestado, talvez pelo fato de que nunca está cheia de gente nem conta com bares à beira-mar.
A discrição da Solidão é o que a torna especial e passa a sensação de um lugar ideal para o descanso.Quem não se sente muito à vontade com o mar é privilegiado com um banho de rio, se preferir. Por uma trilha curta, ao final da rua principal e indicada por placas, chega-se a um poço formado por uma cascata em meio às rochas, conhecida como Cachoeira do Saquinho. A piscina natural está na mata, isolada de todo o resto, perfeita para aquele tempo que precisamos em nossa própria companhia, mesmo que outras pessoas estejam por ali.
O barulho incessante da queda d’água ameniza os ânimos e acalma o ambiente.
Sepultura
A Praia da Sepultura está na lista das melhores e mais procuradas de Bombinhas – um ranking disputado em uma cidade pequena no tamanho, mas imensa na oferta turística. São 39 praias, de diferentes estilos, para aproveitar o verão. De águas cristalinas, quase transparentes, a Sepultura tem mar calmo, ideal para crianças, e está entre as preferidas dos mergulhadores. Para experimentar uma proximidade maior com a vida marinha, é possível alugar passeios guiados com snorkel, que custam a partir de R$ 120. Mas, se a ideia for apenas aproveitar um banho de mar, prepare-se para dividir espaço com os peixes.
Não bastasse a beleza natural, a praia tem histórias e lendas para alimentar a imaginação. A Sepultura teria ganhado o nome porque, durante um desentendimento entre dois escravos do major José da Silva Mafra, que viveu em Bombinhas no século 19, um deles morreu e foi sepultado no local. Há quem diga, ainda, que havia um cemitério indígena por ali. Outro ponto pitoresco é a Pedra Duas Irmãs, duas pedras quase idênticas que teriam sido usadas pelos indígenas que viveram no local como referência astronômica.
O paraíso tem seu preço. Bombinhas cobra pedágio durante a temporada de verão, a Taxa de Preservação Ambiental (TPA). Para quem entra de carro, o valor é de R$ 26 e vale por 24 horas, período em que é possível entrar e sair da cidade sem ter de pagar novamente. Estacionar também não é tarefa fácil – nem encontrar um lugar ao sol. Os estacionamentos particulares custam em média R$ 20, e o espaço é restrito. Como a praia é curta, com menos de cem metros de extensão, a prefeitura não permite instalação de tendas, apenas guarda-sóis.
Para chegar, siga pela avenida principal de Bombinhas, até o final, e entre na Avenida das Garoupas. Deixe o carro nos estacionamentos privados e siga a pé por uma pequena trilha. O caminho é fácil, e a maior parte tem calçamento.
Barra de Ibiraquera
A Barra de Ibiraquera é a melhor opção para quem quer praticar esportes radicais na água. Localizada em Imbituba, no sul do Estado, abrange três lagoas e uma praia. O acesso pode ser feito por uma transversal da BR-101, a Rua Ataíde Manoel da Rosa. Após dois quilômetros, o motorista pode virar à esquerda para acessar a Avenida Central e chegar ao local.
Com fortes ventos e mar agitado, diversos atletas de windsurfe e kitesurfe utilizam a praia para treinar. Mas também há espaço para os amadores: quiosques alugam pranchas de surfe e oferecem aulas. Outra opção radical é o cable park, modalidade que utiliza uma estrutura com roldana, cabos de aço e motor e uma piscina de 150 metros que permite treinar wakeboard sem lancha. Para quem quer mais tranquilidade, as lagoas de Ibiraquera têm águas tranquilas para um banho de mar com a família. Também há opção de praticar stand-up paddle, com aluguel de pranchas no local.
Para chegar, é preciso enfrentar estrada de chão, mas é transitável. Tem artesanato, lugares para lanches, locações de pranchas, caiaques. A praia fica anexa à Lagoa de Ibiraquera. É bem tranquila e tem um longo trecho de banho antes que a água fique profunda, ideal para crianças. Se você esqueceu de levar guarda-sol e cadeira, o local tem reduzida opção de aluguel, com preços que variam de R$ 15 a R$ 20.