Os dias têm sido encantados na região do deserto do Atacama, no centro-norte do Chile. Está em cartaz ainda no mês de setembro até metade de outubro o espetáculo do deserto florido. A paisagem árida recebeu um generoso tapete de flores multicoloridas que encanta os visitantes, e o contraste com os tons de terra da região é fascinante.
Este ano, o fenômeno veio com força, devido, em especial, a condições favoráveis de umidade, que nem sempre estão presentes. Grandes floradas, como a de agora, foram observadas antes 20 anos atrás, em 1997. O ano de 2015 também registrou o tapete, que agora se repete com mais intensidade.
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– Em 20 anos, não se via algo tão potente – confirma o guia de turismo Roberto Vergara, que preside a Agrupación Guías de Atacama, associação regional de guias de turismo.
Segundo o Serviço Nacional de Turismo do Chile, o Sernatur, as primeiras projeções para a atual temporada indicavam a chegada de 25 mil turistas à região do Atacama até outubro – número já atualizado para 35 mil. O Sernatur confirma que o tapete florido deve se prolongar até meados do próximo mês, com pico ao longo de setembro.
Para o fenômeno acontecer, as precipitações precisam superar os índices para a região de transição entre a costa do Pacífico e o deserto, que varia entre 15 a 20 milímetros anuais. Este ano, já choveu mais de 65 milímetros no outono e no inverno, atesta César Pizarro-Gacitúa, da Oficina de Informações da Conaf, a Corporação Nacional Florestal do Chile. Isso se deu por intervenção do conhecido fenômeno El Niño, que gera superaquecimento das correntes marinhas no litoral do país e provoca o aumento das chuvas.
A região mais privilegiada é a costeira da província de Atacama, chamada região de transição, a partir de Huasco, avançando na direção do deserto em um trecho de cerca de 150 quilômetros limitado pelas cidades de Vallenar, mais ao sul, e Copiapó, mais ao norte.
Além da chuva, há outros fatores ambientais e climáticos que precisam contribuir para a floração: o vento, que não pode ser muito forte a ponto de destruir a estrutura das flores, a temperatura e a incidência da luz solar. Este conjunto tece o tapete florido do deserto.
Em um percurso cumprido pela reportagem, que sai do Parque Nacional Llanos de Challe, na rota costeira, ao lado do Pacífico, e se embrenha rumo ao centro do Chile por estradas secundárias, até chegar à Rota 5, principal rodovia que atravessa o país de norte a sul, o visitante irá encontrar um menu de aproximadamente 200 espécies de flores, conforme publicação da Conaf. Destas, 77 são nativas da região do Atacama ou endêmicas.
Como ir
-Munido com um bom e detalhado mapa rodoviário, você pode aventurar-se de carro. Um bom ponto de referência para partir é o Parque Nacional Llanos de Challe, na rota costeira, na região de Huasco, ao lado do Oceano Pacífico, e descobrir o roteiro aos poucos, embrenhando-se na direção da Rota 5, que atravessa o Chile de norte o sul. As estradas têm pouco movimento, mas são seguras.
-Há guias locais que agendam roteiros e permitem um aproveitamento mais objetivo do passeio, pelo conhecimento detalhado dos percursos e dos cenários.
-Uma opção é entrar em contato com a Agrupación Guías de Atacama pelo e-mail guiasdeatacama@gmail.com.