Uma das cidades que mais agradam aos brasileiros na Argentina – depois de Buenos Aires –, Mendoza recebe visitantes o ano inteiro. No verão, tem calor intenso e vinhedos coloridos. No inverno, as montanhas nevadas são de tirar o fôlego. Vou contar um pouco sobre o que mais me encantou por lá: as vinícolas e a gastronomia. Com opções para todos os bolsos e gostos, Mendoza é perfeita para nós, gaúchos, acostumados à boa comida e ao vinho.
As uvas malbec, cabernet sauvignon e cabernet franc são as que têm mais destaque atualmente na produção das grandes vinícolas mendocinas. Mas outras variedades, como a bonarda e a petit verdot, vêm ganhando um espaço interessante (a bonarda, por exemplo, sempre foi muito utilizada localmente, sozinha ou para dar mais coloração ao vinho, porém sem ser explorada para exportação). A gastronomia não fica para trás. Desde restaurantes com menu elaborado até o sanduíche de lomo (filé) que se consegue encontrar em qualquer bodegón, a dica é não ter preconceito e exercitar o paladar.
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Vai visitar Mendoza? Busque conhecer vinícolas em diferentes regiões – assim você terá diferentes tipos de uvas e vinhos. E se organize para almoçar. A maioria das casas tem restaurantes de alta qualidade e menus harmonizados com os próprios vinhos.
A viagem de Porto Alegre até Mendoza dura seis horas, com escala em Buenos Aires. E não se surpreenda se der aquela tristeza na hora de retornar ao Brasil. Mendoza deixa saudade. E você vai querer voltar.
ONDE BEBER
Conhecer a Nieto foi uma das partes mais emocionantes da viagem. Uma das primeiras marcas de vinho que conheci nas idas a Buenos Aires, foi também uma das visitas mais deliciosas e que me deu a oportunidade de almoçar e conversar com o mestre Roberto Gonzalez, o grande enólogo da Nieto Senetiner. Reserve um dia inteiro para a Nieto – com direito a almoço, degustação de vinhos e (o mais bacana) a cavalgada pelos vinhedos!
Valores: almoço: AR$ 680 (visita, degustação e todos os vinhos servidos durante a refeição).
Visita e degustação: AR$ 100 (três vinhos da linha Don Nicanor).
Degustação de vinhos e chocolates: AR$ 150
Cavalgada pelos vinhedos: AR$ 650 (inclui a visita com degustação).
Prove: todos os vinhos preparados com a uva bonarda. Gonzalez é um mestre no preparo dessa uva tradicional em Mendoza.
Onde: Guardia Vieja 2.000, Luján de Cuyo – Mendoza
Tel:+54 261 496-9099
A bodega tem duas frentes: a vinícola em Agrelo, que produz os vinhos de alta gama, e a de Godoy Cruz, uma construção histórica onde está também o restaurante 1884, de Francis Mallmann. A visita ao prédio urbano é uma experiência de volta no tempo. Não deixe de conhecer o barril gigante e centenário que decora uma das salas da Escorihuela Gascón. A bodega em Agrelo tem um campo de polo e eventos periódicos.
Valores: as visitas são de segunda a sexta. Visita guiada com uma taça cortesia, a AR$ 100 (e 20% de desconto nas compras). Visitas com degustações custam de AR$ 200 a AR$ 300, dependendo da linha.
Prove: Biodinámico 100% Malbec Altamira (2015, sem passar por barril), DON e Pequeñas Producciones Cabernet Franc.
Onde: Belgrano 1.188, Godoy Cruz, Mendoza
Tel: +54 261 424-2282
turismo@escorihuela.com.ar
Pertence ao grupo espanhol Cordoniú e produz ótimos espumantes – tem bons rótulos de tintos e brancos. O edifício – que é ainda mais lindo no cair do dia, com o sol batendo em cheio por entre os vidros e mudando as cores da fachada – é obra do estúdio de arquitetura Bormida&Yanzon, especialista na construção de vinícolas. Eles aproveitam no projeto os materiais locais, o que torna mais fácil o controle de temperatura interna (lembre que Mendoza tem invernos muito frios e verões muito quentes).
Valores: a visita custa AR$ 120 e inclui degustação de um espumante e três vinhos. O restaurante María, na vinícola, também oferece um menu de quatro passos, harmonizado, a AR$ 750.
Prove: Septima Gran Reserva e espumante María Cordoniú – Rosat Pinot Noir.
Onde: Ruta Internacional Nº 7 Km. 6,5Agrelo Luján de Cuyo, Mendoza
Tel: +54 261 498 9550
Talvez a mais procurada pelos brasileiros em função dos vinhos famosos por aqui: Angelica Zapata e DV Catena. No topo do imponente prédio da vinícola, inspirado nos templos maias, é possível fazer fotos incríveis – especialmente se as montanhas estiverem cobertas de neve. A visita é turística, você não tem acesso ao coração da vinícola (onde se produzem os vinhos), nem ao Instituto Catena, que estuda com muita propriedade as características de microclima e solo da região.
Valores: as visitas precisam ser marcadas com antecedência e custam de AR$ 250 a AR$ 1200 por pessoa (dependendo da duração e do tipo de vinho servido).
Prove: a linha Catena Alta, Angelica Zapata e DV Catena.
Onde: Cobos s/n, Agrelo, Luján de Cuyo, Mendoza
Tel: +54 261 413-1100
Além dos vinhos de alta qualidade, a vinícola Pulenta State é visita obrigatória para os apaixonados por carros de velocidade. Os donos, representantes da Porsche na Argentina, decoraram a cave de degustação com motores originais de modelos de Fórmula-1: dois de Porsche e um Ferrari. Impressionante. A nova geração de enólogos também aparece por lá: a número dois da casa é uma mulher que tem apenas 28 anos e já se destaca na produção.
Valores: de AR$200 até U$100 (nesse último, a reserva é antecipada e são servidos seis dos principais vinhos da bodega). Também oferecem degustações de queijos e vinhos (AR$400) e chocolates e vinhos (AR$450).
Prove: Gran Corte VII e Gran Cabernet Franc XI.
Onde: Ruta Provincial 86 km 6,5 - Alto Agrelo, 5509 Luján de Cuyo, Mendoza
Tel/fax: + 54 9 261 155076426
reservas@pulentaestate.com
Casa El Enemigo
A casa do mestre Alejandro Vigil, enólogo principal da Catena Zapata e que, de tão criativo e genial, inventou sua própria linha de vinhos em parceria com Adrianna Catena. Vigil recebe os visitantes na própria casa – que também é a vinícola. Ele é o enólogo super star da Argentina no momento – e ainda assim, grandes são as chances de encontrá-lo de camiseta, calça jeans e abrindo um vinho para os amigos recém conhecidos. Ale Vigil é uma experiência – que você precisa viver!
Valores: a visita à vinícola não tem custo. As degustações custam de AR$ 195 a AR$ 850 (só os vinhos). O almoço é à parte, com custo de AR$ 470 para quatro passos.
Prove: todos, todos, todos os vinhos que conseguir. Especialmente a Gran Enemigo. Escolha a degustação completa. São vinhos feitos por e para o próprio enólogo. Uma oportunidade única!
Onde: Videla Aranda, 7008, Chachingo, Cruz de Piedra, Maipú - Mendoza
Tel: +54 9 261 697 4213
reservas@casaelenemigo.com
Umas das visitas mais completas de Mendoza. Desde a produção no vinhedo até o interior da bodega, é possível acompanhar o passo a passo da cadeia vitivinícola. Tudo isso em um dos mais belos projetos de paisagismo que já vi por lá. Para terminar o passeio, desfrute de um almoço especial no restaurante da Finca Agostino.
Valores: só a degustação custa AR$200. O almoço harmonizado com os vinhos tem dois preços – AR$600 e AR$800.
Prove: o Agostino Finca Syrah-Malbec e o Familia Gran Reserva.
Onde: Carril Barrancas, 10590 (5517), Barrancas, Maipú – Mendoza
Tel: +54 261 524-9358
info@fincaagostino.com
Parte do grupo Clos de Los Siete (projeto do enólogo francês Michel Rolland e amigos) e com vinhos assinados pelo pupilo de Rolland, o enólogo Marcelo Pelleriti, foi a primeira vinícola que visitei em uma manhã fria e chuvosa de domingo. O que não tirou a estonteante beleza da construção e da organização da degustação. A Monteviejo também é palco de shows de rock – muitos músicos argentinos têm seus vinhos pessoais preparados pela vinícola. O lugar oferece várias opções que misturam enoturismo, gastronomia e música.
Prove: Linha Linda Flor e o vinho top da vinícola, La Violeta Malbec.
Onde: S/n, Clodomiro Silva, Vista Flores, Valle de Uco - Mendoza
Tel: +54 9 261 532-8126
Com arquitetura imponente (mais um trabalho do estúdio Bormida&Yanzon), Salentein é uma das bodegas mais visitadas no Valle do Uco. Vinhos de alta qualidade, vista privilegiada das montanhas e o restaurante Killka, que serve versões elaboradas de pratos da culinária argentina como empanadas, assado e o famoso flan (nosso pudim). A bodega também oferece uma pousada de luxo no local.
Valores: as visitas com degustação custam de AR$200 a AR$950, dependendo dos vinhos que serão servidos. O almoço harmonizado no restaurante Killka custa AR$650 (5 passos + vinhos).
Prove: o ótimo custo-benefício Reserve Malbec e o Numina Cabernet Franc. Onde: Ruta 89, s/n, km 14, Los Árboles, Tunuyán, Valle de Uco - Mendoza
ONDE COMER
O aclamado chef argentino – um dos episódios da primeira temporada de Chef’s Table, no Netflix, é com ele – que é responsável por recuperar a cozinha tradicional argentina, onde o fogo é a base de tudo, tem um super badalado restaurante na histórica sede da vinícola Escorihuela Gascón. O ano de construção do prédio dá nome ao lugar. Em época de colheita da uva (de janeiro a abril), as reservas precisam ser feitas com antecedência de semanas. Peça o polvo espanhol com batatas crocantes de entrada.
Onde: Belgrano 1188 - Godoy Cruz - Mendoza
Tel: +54 261 424-3336 / +54 261 424-2698
O típico restaurante de abuela. As comidas são aquelas que se servem em casa. E na quantidade exagerada do argentino. Peça tomaticán (pasta de tomate e ovo com cebola, pão, azeite e pimentão – servida com pão caseiro), milanesa a napolitana e tortilla espanhola. A cozinha de avó mistura a influência espanhola e italiana – boa parte dos mendocinos são argentinos de primeira a terceira geração. O vinho? Vá de bonarda, uma das uva mais cultivadas de Mendoza, não tão famosa quanto os primos “ricos”, mas perfeita para acompanhar essa comida caseira.
Onde: Montevideo 675 - Mendoza
Tel: +54 261 429-8833
Uma cafeteria com ares de Paris. Eleita pelos usuários de sites de viagem como o melhor café de Mendoza, mistura história, arquitetura e delícias em um ambiente com a cara do Velho Continente. Vale a visita pela qualidade dos cafés preparados pelo barista acompanhados dos doces e media lunas.
Onde: San Lorenzo 656 - Mendoza
Tel:+54 261 423-8837
Outro queridinho da nova cozinha argentina, o Azafrán se propõe a reinventar pratos tradicionais da região sem perder o sabor. E os resultados são bem interessantes. Mas o melhor no Azafrán é que praticamente todos os vinhos são servidos em taças. Na dúvida, peça a sugestão do sommelier ou a harmonização com três vinhos (para o menu fixo ou cardápio).
Onde: Av. Sarmiento 765 - Mendoza
Tel: +54 261 429-4200
Bröd
Mistura de padaria e cafeteria, é ideal para um final de tarde ou para um late lunch num domingo. Os sanduíches são divinos e os cafés especiais valem à pena. A Bröd trabalha com alimentos orgânicos e faz a linha saudável. O público feminino é maioria. Vá para um late brunch e escolha um dos super sanduíches do lugar. Confira o menu escrito à mão, na parede – às vezes tem promoções muito bacanas lá.
Onde: Chile 894 – Mendoza
Tel: +54 261 425-2993
Um hotel super luxuoso, com poucos e exclusivos quartos em meio aos vinhedos e com diárias que partem de U$400 (baixa temporada). Mas o lugar aceita reservas para almoço – e você aproveita para curtir um espumante ou vinho ao ar livre, em meio aos jardins bem cuidados. O trio de empanadas mendocinas é uma entrada incrível.
Onde: Costaflores s/n, Cobos, Agrelo, Luján de Cuyo – Mendoza
Tel:+54 11 4312-8067
Esse lugar descobri com um local: o melhor churros de Mendoza. Sim, porque churros é um orgulho regional. Fui à lanchonete de Godoy Cruz numa tarde de domingo, vivendo a realidade local – famílias e grupos de crianças e adolescentes em agitado frenesi pelo excesso de açúcar e a alegria do fim de semana. Sugestão: peça um trio de churros, com o recheio de doce de leite, e acompanhe com um copo de chocolate quente. Que beleza, meus senhores!
Onde: O’ Brien 120 – San José – Guaymallén (região metropolitana de Mendoza)