Uma cidade de arquitetura, cultura e rostos tão diferentes, de pessoas simples com sorrisos largos e corações tão sinceros, sempre solícitos e preocupados com o bom atendimento. Essa é Bogotá.
Cartagena era o destino principal daquela viagem de férias, porém, como não havia voo direto, escolhemos a capital do país como conexão. Nos preparativos, aprendi que Bogotá está a 2.640 metros do nível do mar, que a temperatura média é de 14ºC, que a moeda é o peso colombiano, que a Cordilheira dos Andes está ao lado da cidade e que as carreteras (avenidas) são paralelas a ela, e as calles (ruas), perpendiculares. Que a cidade é dividida em quatro zonas, C, M, T e Rosa, e que era nesta que deveríamos nos hospedar, devido à grande quantidade de hotéis, restaurantes, shoppings, bares e cafés. Li algumas poucas coisas sobre alguns pontos turísticos, e assim preparei o roteiro.
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Partimos então, meu marido, eu e nossos compadres de São Lourenço do Sul. Chegamos no início de uma tarde cinzenta e de chuva. Ao final da rua do hotel, estavam os Andes e, ao lado, em um prédio de quatro andares, o restaurante Andrés Carne de Res, um dos mais famosos da Colômbia. Ele merece, sem dúvida, uma noite de "visitação". Servem-se mojitos enormes, há pista de dança, muita salsa, toca Célia Cruz (que eu adoro!), as garrafas de água e cerveja são personalizadas, e o mais inusitado de tudo: uma trupe vai de mesa em mesa cantando e saudando os visitantes com chuvas de borboletas de papel amarelo. Como esquecer? Como não se sentir especial? E a comida? Não jantamos. Com todo esse clima, quem precisa jantar?
Valeu ter feito o city tour com histórias e curiosidades contadas pela nossa atenciosa e sorridente guia, Maritzia. Com ela, ainda visitamos o centro histórico (La Candelaria), o Museu do Ouro e a Catedral de Sal em Zipaquirá, a 50 quilômetros de Bogotá. Essa é considerada a Primeira Maravilha da Colômbia e foi construída por mineiros no interior de uma mina de sal.
Catedral de Sal. Foto: Fernando Ramos, Agência RBS
A maioria das ruas do centro histórico - restaurado, limpo e seguro - é fechada para o trânsito de veículos. Grande parte dos sobrados tem balcões de madeira, que vão de simples a muito trabalhados, representando o grau de influência e poder das famílias que os habitaram. As ruas são estreitas e, caminhando-se por elas, fomos descobrindo um pouco da história de Bogotá: o Teatro Cristobal Colón, a casa de Simón Bolívar, o Museu Botero, a Igreja do Carmo, a Casa de Nariño (palácio do governo) e, por fim, a Praça Bolívar, a principal da cidade, rodeada pela Catedral Primada, pela Prefeitura Municipal, pelo Congresso Nacional e pelo Senado.
Museu Botero. Foto: Fernando Ramos
A praça é um espaço vazio, sem árvores e bancos e, ao centro, apenas a estátua de Simón Bolívar, o venezuelano libertador da Colômbia. Aqui, vale apreciar a porta do Palácio do Arcebispo, ao lado da Catedral, que foi esculpida pelo italiano Vico Consorti e conta a história da Virgem Maria. É o mesmo escultor da Porta Santa da Basílica de São Pedro, que só se abre de 25 em 25 anos. Vale sentar nos degraus da catedral para ver o movimento da praça, enquanto degusta-se um saboroso pote de frutas vendido por um dos tantos coloridos carrinhos da rua lateral. Se tiver tempo, espere pelo pôr do sol, que é atrás da Catedral e da cordilheira. Uma combinação perfeita.
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O Museu do Ouro está perto - dá para ir a pé a partir do centro histórico. Instalado em um prédio moderno e bem estruturado de quatro andares, tem mais de 30 mil peças em ouro da era pré-colombiana. São colares, brincos, cocares, vestimentas, lanças... Algumas peças muito pequenas e delicadas, como a Balsa Muisca, ponto alto do museu, exposta em uma sala especial com sons, luzes e imagens contando a lenda do El Dorado. Na saída, as alegres e coloridas colombianitas estão à espera para uma foto com os turistas - e cobram, é claro!
Bogotá tem ainda a Quinta de Bolívar; Usaquén, que é uma cidade satélite com muitos restaurantes e feira de artesanato no domingo; o Cerro Monserrate, que se sobe de funicular ou teleférico e de onde se tem uma bela vista panorâmica da cidade e da cordilheira; e a beleza das esmeraldas, vendidas em qualquer lugar.
A capital colombiana tem história, um modo de viver muito diferente do nosso, muita alma e muita cordialidade e me ensinou, mais uma vez, que para viajar tem de se ter não só os olhos bem abertos, mas principalmente o coração.
*Leitora do Viagem, Adriane é pediatra em Pelotas