A imagem da senhora de cabelos grisalhos e maiô azul celeste, sentada em uma cadeira bem na beira do mar, reforça a maneira como se autodefine: praieira durante toda a vida. Aos 83 anos, Ivanira Borges Rodrigues convive com um problema na perna direita que dificulta sua locomoção há quase uma década, mas não abre mão de aproveitar um dia de sol no litoral gaúcho da forma que pode.
Instalada na cadeira de praia, a gaúcha natural de Bagé, na Campanha, consegue curtir o mar sem precisar da ajuda de outras pessoas. Quando quer ir mais fundo, caminhando, os filhos dão um apoio.
— Tenho muita dor na perna ainda, daí é difícil até para caminhar. Então, eles me trazem para cá para eu sentir o mar. Gosto de ficar assim. Sinto a água, mexo com os bichinhos que passam aqui, enterro meus pés na areia e assim eu passo — declarou Ivanira, enquanto o sol forte brilhava no céu e as ondas da praia de Tramandaí quebravam em suas pernas.
Aquela foi a primeira vez em que a gaúcha visitava a capital das praias, junto da família e da cadelinha de estimação, Pantera. No entanto, já veranearam em outras cidades do Litoral Norte, como Capão da Canoa, Arroio do Sal, Pinhal e Torres.
— Aqui é lindo, gostei demais, não dá vontade nem de ir embora. E eu gosto bastante de praia, sempre gostei. Se pudesse, ficava mais dias aqui — ressaltou.
Atualmente, Ivanira mora em Santa Maria, na Região Central, onde também residem três dos quatro filhos que teve — um faleceu anos atrás. São eles que a levam para a praia e se dividem com seus cuidados.
Mas antes de quebrar o fêmur e precisar de uma prótese interna, a idosa ia para o litoral com um grupo de amigas da igreja que frequenta:
— A gente fazia uma excursão e ia sempre para Santa Catarina. Mas aqui é melhor, porque é mais perto. Lá a água é mais clara e não tem tanta areia, mas agora eu só gosto daqui.
De acordo com Ivanira, a praia sempre esteve presente em sua vida. Quando morava em Bagé, ia bastante para o Cassino, em Rio Grande, no sul do Estado. Contudo, comentou que o local tem muito vento, enquanto o Litoral Norte é “mais tranquilo”.