Relaxar no litoral? Não, obrigado. Uma turma que vive na região das praias ou pega a estrada pensando em fugir dos momentos de ócio tem opções variadas na costa do Estado. GZH conheceu três passeios no Litoral Norte que prometem — e entregam — muita adrenalina: um voo de parapente sobre as lagoas de Osório, uma aventura em quadriciclos 4x4 pelos cânions de Morrinhos do Sul e um salto de paraquedas em Torres, a partir de um monomotor de quatro lugares.
No lado oposto do mirante da Borússia, em Osório, fica a rampa Nordeste. Pouco conhecido por quem frequenta o movimentado morro símbolo da cidade, o acesso é de terra e passa por duas subidas de desafio moderado — o melhor ainda está guardado, à frente das lagoas da Pinguela e do Peixoto. O espaço pertence ao Anhangava Clube de Voo Livre, e recebe uma espécie de palco para decolagens de parapente (também chamado de paraglider), esporte que mistura asa-delta com um paraquedas, sem motor ou qualquer tração que não seja a velocidade dos ventos.
— Eu nunca voei, não criei coragem ainda — surpreende, de cara, Denise Lima Joaquim, 41 anos, esposa do piloto Diego Soares.
Apesar de não ter convencido a mulher, outro “troféu” é exibido pelo profissional: a filha do casal, Carol, nove anos, voa desde os quatro. Soares tem 39 anos, e há onze fundou a Bons Ventos, após ser certificado para as instruções aéreas. A companhia realiza os passeios especialmente aos finais de semana, pois o instrutor é técnico em eletrônica de segunda a sexta.
— Curiosamente, 99% das pessoas que voam com a gente são mulheres. Elas são muito mais corajosas — compara.
— Eu vou outro dia, ela vai voar — comprova a tese o militar da reserva Sérgio Luís Moreira da Silva, 57 anos, apontado para a esposa, que aderiu à atividade no dia da visita da reportagem.
Enquanto monta a base e ajusta o equipamento, ocorre a observação dos “monitores” da força das correntes: uma biruta, os inúmeros coqueiros e o rodopio dos urubus, que sobem na forma de um tornado, conforme aumenta o vento. Em determinada altitude, bingo!, o piloto corre para a decolagem.
Já com a população de aves triplicada, o comandante prende os mosquetões no aluno e ambos iniciam uma corrida em direção ao vale. A instrução mais importante parece básica, “não para de correr”, mas fazer isso em direção a um precipício nem sempre é fácil. A asa se mantém no alto e logo que termina a rampa, a dupla inicia o voo, a cerca de 60 km/h.
Durante o voo, as asas são conduzidas para perto do morro, no que os profissionais chamam de “colchão de ar”. O passeio tem cerca de 40 minutos - mais uma vez, observar os urubus é necessário, para manter-se no ar. Com câmeras que gravam tudo, o piloto admite:
— Cada voo é um sentimento novo, adrenalina e medo.
Já por volta dos 400 metros, o que se sente é paz, sem escutar a movimentada BR-101 reduzida a uma linha tracejada. O pouso ocorre em um campo ao lado da rodovia, e surpreende pela leveza, como se a pessoa pulasse o degrau de uma escada. Uma equipe de resgate da empresa fica a postos para auxiliar na desmontagem e no retorno do instrutor ao morro. Antes disso, ocorre o tradicional abraço entre o aventureiro e o mais novo batizado, sem cobrança extra de nenhum guia que colaborou nesta experiência.
Serviço:
- Finais de semana, em horários a combinar
- Endereço: encontro próximo aos restaurantes do Morro da Borússia (Estrada Geral da Borússia, em frente ao número 371)
- Valor: R$ 400 com a filmagem em 360 graus inclusa.
- Contatos: pelo Instagram ou no 51 9-9965-4856 (com WhatsApp)