Em cenário diferente do ano passado, o número de casos positivos de covid-19 no Litoral não apresenta grande elevação após as festas de Natal e Ano-Novo, segundo a avaliação da Secretaria Estadual da Saúde (SES). Mesmo assim, a procura por atendimento em cidades como Capão da Canoa aumentou em razão do período de veraneio, o que impactou também na demanda por testagem.
Outra boa notícia é que não há sobrecarga no sistema de saúde em razão de pacientes com complicações graves. Os óbitos também não apresentaram elevação.
A enfermeira da Vigilância de Saúde de Capão da Canoa, Lílian Berger de Oliveira, garante que o município se preparou para ter testes disponíveis, chegando a adquirir mais estoques além dos fornecidos pelo Estado. Ela reitera que ainda é possível uma mudança na quantidade de casos positivos até a próxima semana, mas avalia que a situação atual é estável após um crescimento que já vinha sendo registrado no feriado da Proclamação da República, em 15 de novembro, e que teve um pico na primeira metade de dezembro.
— A gente até achou que ia dar um estouro muito grande, mas está bem tranquilo. As pessoas procuram o teste, mas eu acredito que a taxa de infecção esteja mais baixa. É possível que esse aumento chegue, porque ainda é período bem curto para afirmar que não haverá uma explosão de casos — analisa Lílian.
No começo de novembro, o percentual de casos confirmados em Capão da Canoa era de 2% dos cerca de 30 exames por dia, conforme a enfermeira. Já no final de novembro, a média foi para 30 pacientes positivados a cada 104 testes, 28% dos casos.
A busca por testagem cresceu ainda antes do Natal, na semana do dia 11 de dezembro, quando a média de exames foi de 175, com 60 casos positivos. A partir daí, a situação foi estabilizando, e nos primeiros quatro dias de janeiro, a média foi para 133 testes, com 44 casos positivos, 33%.
A vacinação também é apontada pela profissional como um elemento decisivo. De acordo com dados da prefeitura, 61% dos casos que confirmam atualmente são de pessoas com o esquema vacinal incompleto para sua faixa etária, 33% estavam com as doses em dia e 6% não tinham tomada nenhuma.
As unidades de saúde seguem fazendo a imunização, inclusive para veranistas. No entanto, quem teve diagnóstico de covid-19 precisa aguardar 28 dias para fazer a vacina.
Nesta sexta-feira (6), por volta de 11h30min, GZH esteve na Unidade de Pronto-Atendimento 24 horas de Capão da Canoa (UPA). Por ser um dia de menor movimento, não havia filas e os pacientes que precisavam fazer testagem de covid-19 eram encaminhados para um furgão adaptado que está instalado em frente ao local para garantir mais celeridade.
Com as quatro doses da vacina em dia, a transportadora escolar Rosane Barcelos, 61 anos, foi uma das pessoas que apresentava sintomas e decidiu ir até a unidade para tirar a dúvida.
— Segunda-feira eu comecei a espirrar e estava na casa da minha mãe, então fiquei com o sentimento de culpa, por isso a minha felicidade — comemora após receber a resposta que havia testado negativo.
Para a enfermeira da coordenação da UPA, Cassia Soares, o cenário está mais controlado após o aumento da procura em novembro.
— Em torno de um quarto dos pacientes está testando positivo aqui. Mesmo com esquema incompleto, as pessoas estão tendo sintomas mais leves e o que mudou de fato foi a questão da vacinação — ressalta.
Situação varia em outras cidades
Em Imbé, a prefeitura também constatou um aumento nos casos positivos para covid-19 no último mês. Segundo a gestão municipal, a elevação ocorre desde o início de dezembro, mas sem impacto nas internações.
De 1º de dezembro a 5 de janeiro, a cidade somou 503 pacientes positivados. A Secretaria Municipal de Saúde não espera um novo crescimento nos próximos dias como reflexo do Ano-Novo.
Em Torres, a busca pelo pronto-atendimento subiu, mas a quantidade de pacientes confirmados com covid-19 caiu bastante entre a última semana de dezembro e a primeira de janeiro. Conforme a prefeitura, de 1º de janeiro até esta sexta-feira (6), foram 47 testes positivos e 75 negativos. Já na semana passada, o total de confirmações foi de 163.
GZH entrou em contato com as prefeituras de Tramandaí e Xangri-Lá, mas não obteve resposta.
Quais as recomendações?
De acordo com a enfermeira da Vigilância de Saúde de Capão da Canoa, Lílian Berger de Oliveira, após receber o diagnóstico de covid-19, o paciente é encaminhado para consulta médica, onde será orientado sobre quanto tempo deverá permanecer em isolamento. A regra atual das autoridades é ficar sete dias isolado a partir do começo dos sintomas.
— O isolamento não é a partir do teste, é do sintoma. Então varia de pessoa para pessoa. O profissional que faz o atendimento dá a orientação. Hoje o protocolo é sete dias completos e mais três dias com uso de máscara, evitando chegar perto de pessoas de risco, como imunidade baixa, gestantes, bebês e idosos — salienta a enfermeira.
Parentes e amigos que tiveram contato próximo e não apresentam sinais da doença estão dispensados de manter o isolamento. No entanto, se houver qualquer mudança é preciso buscar atendimento de saúde e fazer o teste.
Outro conselho dos especialistas é colocar a vacinação em dia conforme a faixa etária para se prevenir e evitar complicações mais graves.