![André Feltes / Divulgação André Feltes / Divulgação](https://www.rbsdirect.com.br/filestore/0/3/8/6_ff527cc37cef1ec/6830_b94af45a062ae4f.jpg?w=700)
A tradicional festa de Iemanjá também precisou se adaptar em razão da pandemia de coronavírus. O relógio marcava 8h quando os carros partiram do Santuário Sincrético, na Praia do Paquetá, em Canoas, atrás da imagem da Rainha do Mar, que era transportada em um caminhão em direção ao Litoral Norte. Foram oito paradas até chegar a Torres, na divisa com Santa Catarita, todas em frente a estátuas de Iemanjá.
Em Capão da Canoa, quando ocorreu a parada de cerca de 10 minutos, o termômetro de rua marcava 31ºC. Quem saía rapidamente do veículo para comprar uma água ou para fazer seus agradecimentos em frente à imagem de Iemanjá, que fica na beira da praia, não deixava de usar a máscara.
Quando a carreata chegou ao local, algumas pessoas já esperavam a chegada da Rainha do Mar e de seus devotos motorizados. Mas não houve aglomeração. Quem estava por perto, se aproximava, fazia seus agradecimentos e já se afastava para deixar espaço seguro para o próximo.
— Não pode largar barquinho (oferenda à Iemanjá que tradicionalmente é lançada ao mar), mas a gente veio trazer flores, acender vela para ela. Somos devotos de Iemanjá — disse a microempresária Fabiane Moraes, 38 anos, que percorreu com seis familiares 470 quilômetros de Cruz Alta a Capão da Canoa para fazer as homenagens e agradecer.
— Pedi que ela afaste essa pandemia. Que leve para a profundeza do mar — relatou a devota.
Logo atrás do caminhão com a imagem de Iemanjá e de um carro da organização da carretada, estava o veículo do casal de Canoas Flávia Sebastiane, 42 anos, e Marco Vargas, 40. No banco de trás, a filha pequena dormia na cadeirinha.
— Tenho a agradecer pela minha saúde, porque este ano está difícil para a gente ter saúde — disse Flávia.
— Tenho que agradecer pela saúde da nossa nenê e tudo de bom que acontece na nossa vida — completou Vargas.
![Eduardo Matos / Agencia RBS Eduardo Matos / Agencia RBS](https://www.rbsdirect.com.br/filestore/1/3/8/6_169138f682330f6/6831_41117386e1356d2.jpg?w=300)
Organizador da carreata, Everton Alfonsin conta que o percurso é de 650 quilômetros. Segundo ele, é a primeira vez que esse tipo de carreata é realizada em homenagem à Iemanjá no Estado.
— O que me chamou a atenção foi o número de carros que se juntou à carreata nas cidades. Em Cidreira, tinham muitos carros esperando na entrada da cidade. Em Tramandaí e Imbé, também — conta Alfonsin, que é presidente da Federação Afro Umbandista e Espiritualista do Rio Grande do Sul.
Já que a pandemia restringiu várias atividades, inclusive as religiosas, o jeito foi arrumar uma forma de homenagear a Rainha do Mar.
— As pessoas estavam acostumadas a ir até Iemanjá para pedir a benção. Neste ano, com a pandemia, Iemanjá está indo até as pessoas para dar a benção — resume Alfonsin.
Durante a carreata, quase mil kits com máscara e álcool-gel foram entregues a quem acompanhava o percurso. Os veículos partiram de Canoas e fizeram paradas em Capivari do Sul, Pinhal, Cidreira, Oásis, Tramandaí, Imbé, Capão da Canoa, Rondinha e Torres.