A chegada do verão e o começo da temporada de praia marcam o reencontro dos veranistas gaúchos com velhas conhecidas: as águas-vivas — também chamadas de mães d’água e medusas. Conforme balanço divulgado em 21 de dezembro, o Corpo de Bombeiros do Estado registrou 78 lesões causadas pelos animais somente durante o primeiro fim de semana da Operação Verão.
Na temporada 2019/2020, foram 93.577 ocorrências de ferimentos, principalmente nas praias de Torres, Capão da Canoa e Tramandaí, que lideraram o ranking de registros. Diante desses números, GZH conversou com especialistas para saber o que deve e o que não deve ser feito em caso de queimadura de água-viva. Confira as dicas:
Primeiros passos
Eduardo Chem, cirurgião plástico e diretor do Banco de Pele da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, afirma que a primeira coisa a se fazer ao sentir que foi queimado por uma mãe d’água é sair do mar e procurar abrigo em um local que não pegue sol. Em seguida, é preciso lavar a ferida com água salgada — do mar mesmo —, passar vinagre para neutralizar a toxina liberada pelo animal e fazer com que ela não se espalhe.
Soro fisiológico e solução de bicarbonato de sódio com água também podem ser utilizados nesse primeiro momento, salienta a dermatologista do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Lia Dantas. A água doce (da torneira ou mineral) não deve ser utilizada, pois aumenta a liberação de veneno dos tentáculos do animal e piora a queimação e a dor.
— Nunca se deve esfregar a ferida ou ficar no sol, tem que procurar uma sombra, sair da praia — enfatiza Chem.
Lia reforça ainda que o álcool gel ou líquido, que tanto foi essencial neste ano, não é recomendado para esse tipo de situação, pois pode queimar ainda mais a pele que já está machucada. A água gelada e a urina também não são eficientes.
Além disso, é preciso retirar os tentáculos que, por ventura, permaneçam grudados na pele. No entanto, essa retirada deve ser feita com uma pinça ou algum objeto semelhante que possa ser utilizado, e nunca com a mão.
Outras recomendações
A queimadura dói de forma intensa por até 30 minutos, mas, depois, a pessoa deve permanecer apenas com uma sensação dolorosa, que pode durar 24 horas. Para aliviar esse incômodo, é recomendado fazer compressas com água morna. Nesse caso, pode ser água doce, mineral ou da torneira. Também é possível fazer uso de analgésicos.
De acordo com Chem, o tempo e a intensidade da dor variam de acordo com o contato que a água-viva teve com a pele:
— Se ela se agarrou na perna da pessoa, por exemplo, essa lesão pode durar até três dias. Mas se somente encostar de leve, a lesão fica por 12 horas, no máximo.
Lia ressalta, entretanto, que é preciso observar como vai ser a evolução da situação da pessoa que foi queimada. Se ela permanecer com muita dor, queimação, tiver falta de ar, sensação de bola na garganta, vômito ou se for muito alérgica, o ideal é procurar um atendimento médico, pois pode haver complicações.
Cicatrização
Chem afirma que, em 95% das vezes, a cicatriz da ferida leve desaparece nos primeiros três dias, e aquelas que forem maiores somem posteriormente. Ele esclarece que as queimaduras de água-viva são químicas, classificadas como de primeiro ou segundo grau, que se resolvem espontaneamente.
Para evitar as manchas, Lia indica o uso de protetor solar na lesão até que ela cicatrize completamente.
O que não usar
Além da urina, que é um mito bastante popular, não se deve passar pasta de dente nem borra de café na queimadura. Pasta d’água e pomadas também não são recomendadas.
Produção: Jhully Costa