Com paisagens deslumbrantes e recheado de lagoas e rios, o litoral gaúcho é o cenário perfeito para a prática de esportes radicais e de aventura. Espalhadas por água salgada e doce, na terra ou e no ar, não faltam atividades que garantem diversão e contato com a natureza. GaúchaZH escolheu quatro esportes cheios de adrenalina para quem quiser dar um tempo na famosa "farofada" da beira da praia e, quem sabe, se encantar por uma prática para além do verão.
Confira onde e como praticar kitesurfe, foil, voo e rapel:
Kitesurfe
Um esporte aquático que te permite voar. Deslizando sobre a água com uma prancha nos pés e segurando em uma pipa no ar, o kitesurfe dá uma sensação de liberdade indescritível, segundo seus praticantes. A Lagoa do Armazém, em Tramandaí, é um dos cenários para a prática do esporte. Por ser rasa - não tem mais do que um metro de profundidade -, dá segurança para quem quer começar mas tem medo de encarar águas profundas.
Um camping nas margens da lagoa oferece aula do esporte. Mas nem todo dia é dia de kite, como carinhosamente o esporte é chamado. Tudo depende das condições do vento.
— Estamos sempre aqui no verão. Mas, para ser dia de kite, o vento tem que ser leste, nordeste e norte. Hoje está perfeito, a lagoa está só com 40 centímetros — explica Fábio de Azevedo Souza Mendonça, instrutor da escola Kite Full, ressaltando que, durante o veraneio, frequentam as aulas turistas vindos do Interior e de países vizinhos como Argentina e Uruguai.
Heiner Hofmann, 23 anos, começou no esporte aos oito. Hoje é competidor, instrutor e especialista em saltos mirabolantes com o kite.
— Quando a gente é criança, sonha em voar. E aí viramos gente grande e conseguimos. Com o kite, tu tens essa liberdade do vento na cara, de voar mesmo — diz o jovem, com brilho no olho.
Kitesurfe na lagoa
- Local para prática: Camping & Pousada Lagoa do Armazém (Avenida Fernandes Bastos, 5.100 - Tramandaí)
- Classificação: acima de oito anos e acima de 40 kg
- Valores: entrada no camping (R$ 35); aula avulsa por 1h30min (R$ 250); pacote com oito aulas (R$ 1.500). A escola oferece material e instrução individual.
- Informações e agendamentos: (51) 98506-7000 / (51) 99770-8545
- Observação: há aulas de kitesurfe em outras lagoas da região, como a do Palmital e dos Barros, em Osório, e na Lagoa dos Quadros, em Capão da Canoa, além de escolas espalhadas à beira-mar
Foil
Um equipamento acoplado embaixo de uma prancha permite o surfe no mar mesmo sem ondas e a navegação em uma lagoa mesmo sem vento. Assim funciona o foil, esporte que vem ganhando o mundo pela versatilidade e independência em relação às condições climáticas.
Um dos pioneiros do foil surfe no Rio Grande do Sul, o instrutor Elias Seadi fez uma demonstração da atividade para GaúchaZH na praia de Tramandaí, próximo da plataforma, um dos points do surfe no Litoral Norte. Em um dia com poucos surfistas no local em razão das más condições mar, Seadi cortou as ondas como se estivesse em cima de um "tapete voador".
— Se tu fores na Praia de Atlântida no fim de semana, vais ver uns oito no mar com prancha de foil. As pessoas que perderam o encanto pelo surfe ou que querem experimentar algo novo estão migrando para o foil. Afinal, não precisamos das condições perfeitas — explicou Seadi, usando sempre a palavra "diversão" ao citar o esporte.
A estrutura de alumínio ou carbono que fica sob a prancha se chama hydrofoil e lembra um pequeno mastro com um avião na ponta. Basta um pequena marola ou o mínimo de vento para que o praticante ganhe velocidade. A partir daí, o mastro levanta, deixando a prancha suspensa e deslizando fora da água - por isso o uso da analogia ao "tapete voador".
Como a atividade exige técnica e domínio, as primeiras aulas de foil são feitas na Lagoa dos Quadros, em Capão da Canoa. O aluno é puxado por um jet ski para se acostumar com a velocidade do equipamento. Quando pega o jeito, é levado para o mar. Há também a possibilidade de usar a prancha adaptada com a pipa do kitesurf.
Foil no mar
- Local para prática: Lagoa dos Quadros (4 km do centro de Capão da Canoa) e Praia de Atlântida, próximo à plataforma
- Classificação: a partir de 12 anos.
- Valores: R$ 350 a hora. O instrutor oferece material e acompanhamento individual.
- Informações e agendamentos: (51) 98196-8528 ou eliasseadi.com
Voo
Se a vontade é experimentar a sensação de voar, a dica é praticar parapente no Morro do Farol, em Torres. Há voo livre (não motorizado), paramotor (voo motorizado) e o paratrike (voo motorizado mais potente).
E se tirar os pés do chão pode parecer apavorante, o instrutor Osmar Silveira dos Santos garante um voo sem arrependimentos.
— As pessoas voam para perder o medo de altura. Não teve nenhuma que chegou e disse que não gostou do voo. Nos primeiros cinco segundos, a pessoa fica mais tensa, mas depois relaxa. É como estar sentado na sala de casa, mas com esse visual — conta Santos, apontando para a paisagem deslumbrante do local, que fica entre a Prainha e a Praia da Cal.
O instrutor, conhecido pelo codinome "Coragem" (apelido que ele e o irmão ganharam não pela sagacidade ao voar, mas pela novela Irmãos Coragem, exibida em 1970), está há 25 anos no esporte. O voo, feito em dupla com o instrutor, depende das condições do vento. Durante a visita da reportagem ao local, ele e uma aluna se lançaram ao vento de paramotor, deixando os turistas que estavam no Morro do Farol com os olhos arregalados de emoção.
Voo
- Local para prática: Morro do Farol (1 km do centro de Torres)
- Classificação: acima de 17 anos, sem limite de peso
- Valores do voo em dupla: paramotor (R$ 300 sem vídeo, R$ 350 com vídeo, atividade dura de 12 a 15 minutos); voo livre (R$ 250 sem vídeo, R$ 300 com vídeo, atividade dura 10 minutos)
- Valores do curso: a empresa também oferece curso de voo livre (R$ 4 mil) e de paramotor (R$ 4,5 mil)
- Informações e agendamentos: (51) 99877-8472 ou serramarparamotor.com.br
- Observação: também há prática de parapente/voo livre no Morro da Borússia, em Osório
Rapel
Esqueça o celular e o sinal de internet. Aqui, a regra é desconectar em meio à natureza. Escondidas a 62 quilômetros de distância da freeway, desde a entrada para Santo Antônio da Patrulha, as cascatas e cachoeiras de Riozinho são um colírio para os olhos e um alento para a mente. Além da mata intocada, das quedas de água deslumbrantes e do ar puro e fresco, o local ainda é propício para a prática de rapel, atividade que consiste em descer pelos paredões de pedra com o auxílio de cordas.
Criado na região, Rodrigo Smaniotto se apaixonou pela atividade há seis anos. Praticou uma vez por lazer e "viciou". Foi então que começou a investir. Fez curso para poder levar outras pessoas na descida, comprou equipamentos de segurança e criou o grupo Trip Rappel Adventure, que promove a atividade em Riozinho aos finais de semana.
E aventura tem para todos os gostos: desde uma descida "leve", de cerca de 30 metros, na Cascata das Três Quedas, até uma mais "ousada", de 86 metros, na Cascata do Chuvisqueiro. A reportagem acompanhou Smaniotto, que trabalha na indústria calçadista de Rolante, em uma descida na cachoeira menor e garante: o passeio vale cada segundo.
Saindo do centro de Rolante, é preciso trafegar 20 quilômetros - 11 deles em estrada de chão, mas em bom estado. Depois, ingressar no Camping Cascata do Chuvisqueiro, de onde parte uma trilha leve em meio à mata até a queda d'água. De lá, é preciso seguir por uma trilha de nível mais difícil, com alguns pontos de inclinação, até alcançar o topo da cachoeira, de onde sai o rapel.
— É preciso ter um preparo físico legal — sugere o instrutor.
A descida é curta, mas dura o bastante para que os turistas apreciem a bela cachoeira e seu entorno de mata nativa.
— Ver as pessoas saindo felizes daqui não tem preço — comemora Smaniotto, um entusiasta da prática.
Quem quiser se aventurar, deve agendar o passeio com o instrutor. Não é necessário experiência prévia, pois Smaniotto passa todas as instruções necessárias antes do rapel. A atividade também inclui todos os equipamentos de segurança e fotos da descida. O mais indicado é utilizar roupas esportivas e tênis que possa ser molhado. Menores de sete anos e pessoas com mais de cem quilos não têm permissão para fazer a descida por questões de segurança.
Rapel na mata
- Preço: R$ 100 (só descida, com equipamentos e fotos incluídas); para ingressar no camping é cobrada uma taxa de R$ 5 por veículo e de R$ 10 por pessoa
- Contato: (51) 9 9783-2536
- Como chegar: pela freeway, ingresse na RS-474, em direção a Santo Antônio da Patrulha; siga as orientações para chegar ao centro de Rolante, pela RS-239; continue pela Estrada do Chuvisqueiro até o camping
Outras atividades
Sandbord
É o surfe na areia. O point da atividade no litoral é o Parque das Dunas, próximo da Lagoa da Fortaleza, em Cidreira. Sentado ou deitado em uma prancha, o praticante desliza pelas dunas. Quando chove, bolsas de água brotam na planície, formando pequenas piscinas naturais na areia, que também fazem parte do cenário do esporte.
Serviço
- Local da prática: complexo de dunas pode ser visto pela RS-786, no limite entre Tramandaí e Cidreira. Há vários acessos a pé a partir da rodovia. Outra entrada para o parque fica ao lado da Lagoa da Fortaleza, no km 2 da RS-784, mas o local é de difícil acesso e, até certo ponto sinalizado, a entrada de veículos não é mais permitida.
- Observação: não há nenhuma empresa ou grupo que pratique o sandboard de forma comercial. De acordo com a prefeitura de Cidreira, grupos fazem a atividade no local por conta própria. O acesso ao parque é gratuito.
Paraquedismo
Em Torres, o salto de paraquedas é uma atração para quem gosta de se aventurar no ar. Como a atividade é feita em dupla com um instrutor, não é necessário a realização de curso, apenas uma orientação feita em solo.
A queda livre, feita a 10 mil pés de altura, dura 30 segundos, atingindo uma velocidade de 220 km/h, tendo como cenário as praias de Torres e a região da Serra e dos Cânions.
Serviço
- Valores: R$ 690 à vista ou em 12 vezes com juros no cartão de crédito. O pacote dá direito ao salto, com filmagem e certificado.
- Informações e agendamentos: Arcanjos Paraquedismo - (51) 98310-0054