As primeiras horas de 2020 em Torres foram de céu nublado, poucos banhistas, resquícios de lixo na areia e muito trabalho para as equipes de limpeza. Entre os veranistas que caminhavam à beira-mar da Praia Grande, uma jovem que passeava com seu animal de estimação roubou a cena: uma coelha da raça Netherland, com uma coleira em volta do pescoço, descansava no colo de sua dona.
— As pessoas ficam surpresas, mas eu caminho com ela na minha cidade, trago pra praia e ela adora — explica Kalony Ferreira, 19 anos, enquanto acaricia a pet.
A coelha Amora tem dois anos de vida e foi adotada de uma amiga da família, que vive em Farroupilha, na Serra.
Empurrando o filho Miguel, de 10 meses, o marceneiro Adriano Bonmann, 38 anos, se rendeu aos encantos do animalzinho.
— Ele adora vir pra praia e ainda encontrou o coelhinho, tá encantado — explica o pai.
Outra imagem que chamou a atenção na areia foi a de uma dupla com detectores de metal, vasculhando a areia a procura de objetos perdidos.
— Eu tenho esse hobby há dois anos. Já encontrei anel de ouro, corrente de prata... hoje ainda tá um pouco fraco — conta Alexandre Laurindo Godinho, 30 anos, enquanto retirava um brinco perdido de dentro do mar.
Segundo Godinho, a atividade é bem comum em outras cidades e foi aprendida por ele em vídeos na internet.
Sem o sol a pino dos últimos dias, um grupo de Caxias do Sul dispensou a proteção e foi até a praia para aproveitar o primeiro dia do ano logo cedo.
— Que esse ano tenha menos tragédias, porque 2019 teve muitas — pediu a estudante Giovana Gabriela Verdum, 17 anos.
Às 9h ainda havia, nas areias ao lado do palco montado para a festa de Réveillon, um numeroso grupo de pessoas que não escondiam terem passado a virada na praia. Com música eletrônica, dançavam entre garrafas quebradas, rolhas de espumante esquecidas no chão e flores, já murchas após as homenagens da meia-noite.
Com o serviço de cerca de 50 trabalhadores, grande parte do entulho deixado por quem passou a virada ao lado do mar já havia sido retirado às 8h.
Com animação, o morador de Lajeado Esaumir Innich, 59 anos, foi convicto no que espera para 2020.
— Que as pessoas vivam mais a vida. Temos tanto, mas não sabemos aproveitar — afirma, antes de retomar a caminhada diária de 30 minutos na beira-mar.