O que parecia que iria causar dor de cabeça acabou virando apenas uma lembrança do ano que passou: menos de duas horas antes da virada, a chuva deu uma trégua e permitiu que o público curtisse o Réveillon tranquilamente em Capão da Canoa. O ano de 2020 foi recepcionado com muita festa e calçadão lotado — a prefeitura aguardava cerca de 400 mil pessoas.
O principal ponto de encontro foi o Largo do Baronda, na área central. O público pôde acompanhar os shows do DJ Jipp — que começou mais tarde do que o previsto, às 22h30min, por causa da chuva — e do grupo Os Travessos, que começou a tocar à 0h15min, após o show de fogos. Em outros pontos, ao longo da Avenida Beira Mar, o público também se reunia para acompanhar a virada do ano.
— Faz mais de 10 anos que eu venho para cá, e sempre venho para a beira da praia. Isso aqui é lindo, maravilhoso — emociona-se a massoterapeuta Kelli Fidelis, 34 anos, que acompanhou a virada com as filhas Kerollyn, 18, e Júlia, sete anos.
Outra particularidade deste ano foi que o tradicional show de fogos, que teve duração de 15 minutos, foi mais silencioso. Quando o relógio marcou meia-noite, o público ouviu sons um pouco mais amenos enquanto fogos de artifício coloririam o céu — mesmo assim, o barulho ainda era bem perceptível.
A prefeitura optou por fazer um espetáculo com até cem decibéis, antecipando-se e adaptando-se à legislação estadual, ainda não regulamentado. Além dos fogos com estampido mais suave, o Executivo optou por evitar os rojões.
— Passo a virada aqui todos os anos e achei que estava mais discreto. É importante. Aqui em casa aderimos também e lançamos fogos silenciosos. Tenho cachorro e sei que eles sofrem — disse Marco Antônio Lasari, 56 anos, morador de Farroupilha.
A dona de casa Celi Mosar, 54 anos, e o filho, Giovani, optaram por colocar cadeiras de praia na calçada, mais distante do ponto de maior concentração de pessoas. Ela manteve a capa de chuva durante boa parte da noite, com receio.
— Se eu ficar sem a capa, fico doente. Mas lá para dentro (de casa) não volto. Aqui é bom para ver os fogos — conta a mulher, que mora em Igrejinha e chegou nesta terça-feira só para passar a virada na praia.
Momentos antes da chegada de 2020, a família de Franciele Brum, 31 anos, observava os shows e a movimentação no Largo do Baronda de um local privilegiado, quase um camarote. A família alugou um apartamento térreo na beira da praia e, da janela, conseguia observar tudo:
— Dá para ver bem e fica abrigado da chuva. Só saímos para a virada. É a primeira vez que a gente vem a Capão e estamos gostando. Foi de última hora — relata a joalheira, acompanhada do marido Tiago Tomaz, 28 anos, e dos filhos Gregori, 15 anos, e Camille Tomaz, nove.
Outras praias de Capão da Canoa também receberam shows na virada: Capão Novo, Arroio Teixeira e Curumim.