Das praias gaúchas, Torres tem a maior malha cicloviária espalhada na beira-mar e por dentro da cidade. Dos 15,8 quilômetros de orla (3,5 quilômetros na região central), 2,5 quilômetros estão cobertos por ciclovia, no trecho entre os Moles e a Guarita. À beira-mar, GaúchaZH observou dezenas de ciclistas transitando com tranquilidade, sobretudo casais com crianças pequenas. Ao mesmo tempo, a reportagem flagrou ciclistas fora da faixa e turistas andando ou correndo no trecho destinado apenas para as magrelas, sobretudo na Praia Grande.
Não é toda a beira-mar que está adaptada para ciclistas – na praia dos Molhes, por exemplo, um trecho não está demarcado. Na Lagoa do Violão, a ciclofaixa é respeitada, mas a tinta mal aparece em alguns trechos. Em trechos centrais, turistas elogiam a conservação da faixa, mas desejam que toda a orla fosse coberta.
A pedagoga Simone Bunbel, 54 anos, e o advogado Marcelo Mantelli, 56 anos, pedalavam na orla da Prainha com magrelas de 10 anos de idade. O casal, que tem imóvel em Torres há duas décadas, orgulha-se de mal tirar o carro da garagem quando está na praia. Só quer saber de pedalar.
— Tem muito mais gente pedalando hoje. Dez anos atrás, éramos só nós. As ciclovias estão boas, mas falta complementar na orla. Tem que expandir mais, isso é bom para nossa saúde, para a segurança do ciclista e também para desafogar o trânsito — diz Simone.
Bicicletas promovem integração familiar
Atrás da técnica de operação Andréia Dalmas, 33 anos, o engenheiro mecânico Thiago Dalmas, 35, levava a filha Clara, três anos, na bicicleta. Os três se deslocavam calmamente, aproveitando a vista dos morros na Prainha. Hospedados na Praia da Cal, eles adoraram o passeio, mas observaram que alguns pontos tinham buraco e mereciam atenção.
— A ciclovia é curta, deveria ser maior — diz Thiago.
— Mas está bom. A bike proporciona essa integração com a família. Assim, a Clara vem com a gente. Se fôssemos correr, ela não poderia nos acompanhar — afirma Andréia.
A prefeitura está com edital aberto para contratar empresa que elabore o Plano de Mobilidade Urbana, o que deve impactar na malha cicloviária. De pé, estão projetos para revitalizar toda a ciclofaixa da Praça da Lagoa e expandir em 450m o trajeto da orla nas praias Molhes, Grande e Prainha. Ambos devem ficar prontos ainda no primeiro semestre do ano.
As obrigações dos motoristas
- Conforme o Código Brasileiro de Trânsito, bicicletas são consideradas veículos e, portanto, prioritárias em relação a outros veículos para circular na rua.
- O Código diz que os maiores veículos são responsáveis pelos menores e que carros não devem fechar bícis ao entrar à esquerda ou à direita.
- Ameaçar o ciclista com o carro ou colar na traseira da bicicleta são infrações gravíssimas _ a distância deve ser de ao menos 1,5m da roda traseira da bicicleta.
- O motorista também deve dar preferência de passagem ao ciclista – inclusive se o sinal ficar verde.
- Ao estacionar, motorista e passageiro são obrigados a olhar antes de abrir a porta, para não interceptar o ciclista.
- Motoristas também não podem andar ou estacionar em ciclovia – a infração é a mesma que circular em calçada.
As obrigações dos ciclistas
- Ciclistas devem usar a ciclovia quando ela existir. Caso contrário, devem pedalar na rua no mesmo sentido dos automóveis e próximo à calçada, e não em direção contrária nem no meio da rua.
- Circular pela calçada só está autorizado quando a ciclofaixa for ali ou quando sinalizado pela prefeitura.
- Caso o ciclista circule na calçada, deve descer e empurrar a bicicleta.
- Ciclistas devem dar sempre preferência ao pedestre e são responsáveis pela segurança dele.
- A bici deve, obrigatoriamente, ter campainha, luz noturna na frente, atrás, na lateral e nos pedais, além de espelho retrovisor do lado esquerdo.