Transmitir uma mensagem de esperança e reforçar a importância da adesão ao tratamento. Este foi o objetivo da visita do médico oncologista André Fay e do jornalista do Grupo RBS Daniel Scola, na manhã desta terça-feira (28), ao abrigo Força Onco RS, que acolhe pacientes em tratamento de câncer, em Porto Alegre. Fay acompanhou a jornada de Scola contra um câncer no cérebro diagnosticado há três anos.
Viabilizado por uma coalizão de esforços, com profissionais de saúde, organizações não governamentais e entidades privadas, além de apoio do poder público, o abrigo fica na Paróquia São Jorge, no bairro Partenon, e tem 40 vagas. No momento, 10 pacientes e quatro acompanhantes ocupam as instalações.
A necessidade de um ambiente específico para doentes oncológicos, contemplando suas necessidades específicas, se apresentou nos primeiros momentos da tragédia das enchentes no Estado.
— Começamos a receber inúmeras demandas: remédios perdidos na água, paciente com dor sem suporte, paciente aguardando consulta e posto de saúde embaixo d’água — recorda Fay.
Um formulário disponibilizado online ajudou a saber onde estavam essas pessoas. No abrigo, além da infraestrutura para os cuidados básicos, disponibiliza-se transporte para os hospitais onde são realizadas as sessões de rádio e quimioterapia.
— É uma iniciativa conjunta de muito valor que traz a oportunidade de o paciente continuar o cuidado que, muitas vezes, vai definir vida ou morte. Tem que continuar, o tratamento não pode parar — ressalta Fay.
Scola lembra que chegou a pensar em interromper seu tratamento, iniciado em 2021, durante pandemia de covid — doença que vitimou seu pai. Sentia-se cansado em meio aos efeitos colaterais, mas foi incentivado por Fay a persistir.
— Eu tinha todos os motivos para parar, e ele me convenceu do contrário — conta o jornalista. — Não conheço ninguém que tenha parado o tratamento e tenha sobrevivido. A ideia é ajudar essas pessoas. Estamos falando de vida, que é o mais importante — complementa.
A dupla conversou com pacientes atendidos no local. Daisy Pinto Vieira, 40 anos, que combate um câncer no útero, teve a casa completamente inundada em Guaíba e foi acolhida com duas das filhas. Ficou um período sem tratamento enquanto esteve em outro abrigo. Agora, é levada até a Santa Casa para a quimioterapia.
Scola relatou sua experiência e trocou impressões com Daisy. Questionou sobre a duração de cada aplicação de quimioterapia e contou das vezes em que passava 12 horas no hospital para cada uma das sessões.
— Eu fico muito feliz por você — disse Daisy, sorrindo, ao saber que ele não desistiu.
— E eu por você — devolveu Scola.
O Força Onco RS está aberto a todos os pacientes que estejam enfrentando dificuldades para dar seguimento ao tratamento na Capital. Ter perdido a casa não é pré-requisito para pleitear uma vaga. Médicos podem direcionar seus pacientes ao abrigo, e interessados podem preencher o formulário disponível neste link.