O chimarrão é uma parte tão inerente da vida dos gaúchos que é fácil esquecer que o fenômeno não é global – pelo menos até agora. A erva-mate vem ganhando fama graças às personalidades que tem cruzado o oceano com ela, como o jogador Lionel Messi, que agora mora em Miami. As informações são da BBC Brasil.
Além do sul do Brasil, a bebida é comumente encontrada nas mãos de argentinos, uruguaios e paraguaios. A origem do chimarrão remonta às práticas do povo guarani, que existe há aproximadamente 1,5 mil anos no sul da América Latina.
O preparo tradicional na região Sul consiste na imersão de folhas secas de erva-mate em água quente. A temperatura ideal é 75°C, para não queimar as folhas. A bebida é preparada em uma cuia, recipiente normalmente feito de cabaça ou porongo seco (outras versões podem incluir madeira, metal, vidro e até silicone), que impede o calor de passar para as mãos.
Em outras partes do país, como nos Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, a erva é consumida com água gelada, bebida chamada de tererê. Nesse formato, erva pode ocupar outros recipientes, como canecas e até guampas de boi, já que não é necessário ter um isolante térmico.
O chá cheio de cafeína costuma ser amargo, mas há pessoas que usam açúcar ou mel para adoçar. Ainda existe a opção de acrescentar cascas de limão ou laranja, hortelã, hibisco e outros chás, por mais que qualquer mudança cause polêmica entre os consumidores. Uma bomba de metal possibilita o consumo, e faz um ruído característico quando a cuia fica vazia.
No Brasil, é comum usar uma erva mais fina, que incha menos. Por ter essa característica, costuma ocupar até dois terços da cuia. No Uruguai e na Argentina, é comum usar ervas com folhas maiores e mais secas, que incham mais.
Seja como chimarrão, mate ou tererê, a bebida segue sendo um símbolo de confraternização e união. Oferecer para convidados é um gesto de hospitalidade, com consumo em grupo: sentar em roda com uma cuia e uma térmica passando de mão em mão é uma prática comum entre os gaúchos.
Na boca dos famosos
Ainda não se tem muitos dados sobre o consumo de erva-mate no Brasil. De acordo com um estudo da Fundação de Economia e Estatística do Rio Grande do Sul (FEE-RS), dados da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) do IBGE de 2008 apontam que, naquele ano, o consumo nacional médio da erva foi de 0,48kg por habitante. Já no RS, o número salta para 4,54kg por pessoa.
Nos últimos anos, o chimarrão ganhou popularidade devido ao consumo por personalidades notáveis, especialmente no mundo do futebol. A figura do artilheiro Messi armado de cuia e bomba já está comum no exterior, e inclusive viralizou em 2017. Em 2022, a Argentina viajou para a Copa do Catar com 240kg da erva. O mate chegou a ser conhecido como a "bebida dos campeões".
Em 2018, quando a Seleção Brasileira foi à Rússia para a Copa do Mundo, os jogadores e integrantes da comissão técnica enfrentaram problemas com a entrada do mate nas dependências do time. Entre os principais defensores da bebida estavam o goleiro Alisson e o atacante Taison, ambos gaúchos.
Um conhecido fã de carteirinha da erva-mate é Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco. O pontífice é argentino e já foi visto diversas vezes com sua cuia e bomba na mão. A própria ex-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, presenteou o Papa com um pacote de erva.