A volta às aulas no Rio Grande do Sul não para de ganhar novos capítulos. O mais recente diz respeito à decisão do governador Eduardo Leite, anunciada na manhã desta terça-feira (27): agora, o território gaúcho ficará sob a vigência da bandeira vermelha e não mais da preta. Com essa alteração, as aulas presenciais têm grandes chances de serem retomadas no Estado.
Mas em meio a esse vaivém entre as decisões, que começou na última sexta-feira (23), pais se questionam como explicar essa situação aos filhos. Para a psicóloga Denise Steibel, o modo como essas mudanças é sentido pelos pequenos depende de dois fatores: da idade e da estrutura familiar. Segundo ela, crianças que perderam o convívio ou não falam com frequência com outros familiares ou amigos – mesmo que pela internet – sofrem mais o impacto do desencontro de informações. Além disso, ela aponta que quanto menor a idade da criança, mais refém de como os pais lidam com isso elas ficam:
— Ou seja, os responsáveis são o filtro da criança. Se eles conseguem encarar de maneira menos danosa essas alterações, a criança conseguirá apreender a situação de modo menos sofrido. A questão é que os pais estão saturados, a energia está na reserva e cuidar da casa, trabalhar de casa e cuidar da aprendizagem do filho são pratos difíceis de se equilibrar.
Para os pequenos, a rotina, a organização e a previsibilidade do cotidiano são pilares importantes, aponta a pedagoga Tamires da Silva. Entretanto, ela destaca que os pais precisam confiar na capacidade de adaptação dos filhos.
— Com os menores, os pais precisam ter cuidado, porque essas emoções precisam chegar filtradas às crianças, que captam o que e como sentimos. Com aqueles que já têm um entendimento maior, é preciso travar diálogo, procurar entender como a criança se sente para, aí, traçar estratégias de cuidado. É preciso também confiar na capacidade das crianças de criarem métodos para passar por isso. E é sempre válido buscar a ajuda da escola para conversar sobre esses momentos, para saber como lidar com eles — aconselha.
Caso a temporada de aulas remotas tenha abalado a confiança dos pequenos estudantes para retomarem os trabalhos em sala de aula, a psicóloga Juliana Weide sugere que os responsáveis saibam respeitar o tempo dos filhos.
— Esse medo tem muitos motivos e pode acontecer, porque nós, adultos, estamos com medo, o que é totalmente válido. Assim como esse receio é real para nós, ele é válido para eles. Afinal, vivemos um cenário de guerra, no qual milhares de pessoas morrem diariamente. Os responsáveis precisam reafirmar o cuidado que têm com a criança e ensinar quais medidas precisam ser tomados para que ela se mantenha segura — pontua.
Veja algumas dicas das especialistas
- Pais, evitem o alarmismo. Deem um voto de confiança para que as crianças também tracem estratégias para lidar com o cenário de angústia e incerteza.
- Pensar no que o seu filho não está vivendo só causa mais sofrimento. Não compare a sua infância com a dele.
- Quando for conversar com a criança, opte por uma linguagem simples e direta. Não entre em muitos detalhes, porque isso pode confundir o pequeno.
- Se você optar por não o levar à escola, promova brincadeiras que remetam ao ambiente escolar.
- Se a criança estiver com medo de voltar para a sala de aula, procure passar confiança. A segurança dos filhos está muito ancorada no modo como os pais enfrentam os problemas.
- Importante não deixar o receio do seu filho crescer. Reforce a importância de seguir as regras de limpeza das mãos, de uso de máscara e de distanciamento dos amiguinhos neste momento.