Faltavam poucos prédios para serem demolidos na cidade catarinense de Itá, na divisa com o Rio Grande do Sul, entre eles a Igreja Matriz São Pedro, localizada no ponto mais alto. Era 1995 e não havia mais moradores na área destinada a se transformar num gigante reservatório de água. No dia agendado para a destruição da paróquia, evento acompanhado à distância por ex-moradores, as paredes foram as primeiras partes a caírem. Mas algo na engenharia da demolição acabou não saindo como previsto pelos responsáveis. Quem estava no local testemunhou as inúmeras tentativas de derrubar as duas torres e a cúpula. Primeiro, foram pancadas feitas com a própria pá da retroescavadeira. Em seguida, amarraram cordas nas partes que faltavam e tentaram arrancá-las à força. Em vão. Ao perceberem as dificuldades, os fiéis presentes no local impediram a continuidade do desmanche. Os mais católicos acreditam ter sido um dom divino, aplicado pelo próprio São Pedro — a imagem foi uma das partes a permanecer intacta.
Singular
Aratiba e Itá: as histórias submersas das cidades atingidas por uma hidrelétrica
Aratiba (RS) e Itá (SC), duas cidades do Alto Uruguai, vivem até hoje as mudanças impostas pela construção de uma hidrelétrica, obra iniciada há mais de três décadas