Inspiradas pela legalização do aborto na Irlanda e pela aprovação da liberação pela Câmara de Deputados da Argentina, mulheres brasileiras marcharam, na noite de sexta-feira (22), pela descriminalização da prática no país. Simultaneamente, as passeatas ocorreram em sete cidades, de acordo com O Globo: Porto Alegre, Santa Maria, Rio de Janeiro, São Paulo, Maceió, Londrina e Belo Horizonte.
Na capital gaúcha, o movimento reuniu mulheres na Esquina Democrática, no Centro. No fim da tarde, o grupo saiu em caminhada pela Avenida Borges de Medeiros. "Aborto legal, seguro e gratuito", dizia uma das faixas carregadas pelas manifestantes.
Parte do grupo usava um lenço verde com a frase "América Latina vai ser toda feminista", uma referência ao movimento argentino. No país vizinho, manifestantes usaram o adereço durante a vigília pela aprovação do aborto no país.
Convocada pelas redes sociais, a marcha foi chamada de "Nossa hora de legalizar o aborto". "Nossa luta é pela vida das mulheres! Nossas companheiras argentinas junto com as irlandesas apontaram mais um passo da luta pela legalização", anunciava o evento.
Moradora de Porto Alegre há 16 anos, a argentina Mariam Pessah, 50 anos, esteve entre as organizadoras da marcha na cidade. A ativista e escritora se disse surpresa com a adesão à marcha.
— Dá para ver que há muito interesse no tema. Por isso, precisamos continuar falando sobre o assunto. Na Argentina, a campanha está composta por mais de 300 grupos. Foi um trabalho de formiga das companheiras. Temos de trabalhar nessa luta diante da conjuntura: estamos em um momento social de revolução feminista — disse Mariam.
No último dia 14 de junho, a Câmara dos Deputados da Argentina aprovou a legalização. Agora, a proposta segue para análise do Senado. Em maio, a Irlanda aprovou a descriminalização do aborto com 66,4% de votação popular.