Um assessor do papa Francisco cumprimentou em nome do pontífice um casal homossexual de Curitiba pelo batismo católico dos três filhos adotivos, segundo carta enviada pelo Vaticano e publicada na segunda-feira (7) por um dos pais.
"O papa Francisco lhes deseja felicidades, invocando para a sua família a abundância das graças divinas, a fim de viverem constante e fielmente a condição de cristãos", diz a carta endereçada a Toni Reis pelo monsenhor Paolo Borgia, assessor da Secretaria de Estado do Vaticano.
Segundo Reis, que publicou uma foto da carta em sua conta no Facebook, ele e seu esposo, David, enviaram em abril uma carta ao pontífice contando sobre o batismo de seus três filhos, Alyson, Jéssica e Filipe, em uma igreja de Curitiba.
À espera de uma confirmação, fontes do Vaticano minimizaram a eventual importância da carta, dizendo que Francisco sempre tenta responder positivamente às milhares de cartas similares que recebe diariamente.
– Não esperávamos uma resposta. Receber uma carta do Vaticano com selo, fotografia autografada do papa é a glória!– disse Reis em entrevista por telefone à AFP.
A carta está datada de 10 de julho, mas a família só a viu na sexta-feira passada, quando voltou de uma viagem de várias semanas pela Europa.
– Significa um grande avanço em uma instituição que queimava os gays durante a inquisição e agora nos manda um ofício cumprimentando nossa família. Estou muito feliz, já posso morrer tranquilo – acrescentou.
Reis, de 53 anos, e o inglês David Harrad, de 59, estão juntos há 27 anos. Eles puderam oficializar sua união em 2011, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a "união estável" para casais do mesmo sexo, o que na prática equiparou seus direitos aos dos casais heterossexuais, outorgando-lhes acesso ao casamento, à adoção, à herança e à pensão por morte.
Em 2012, eles adotaram Allyson, um rapaz de 16 anos e em 2014, os irmãos Jéssica, 14 anos, e Filipe, 11 anos. .
O papa Francisco disse em 2016 que, segundo o catecismo, os homossexuais "não devem ser discriminados, mas respeitados e acompanhados no plano pastoral", repetindo uma fórmula utilizada durante o primeiro ano de seu pontificado, quando surpreendeu o mundo com sua afirmação: "se alguém é gay e busca o Senhor com sinceridade, quem sou eu para julgá-lo?"
*AFP