A cadeia automotiva respirou melhor em fevereiro. A produção, venda e exportação cresceram em relação a janeiro mas despencaram em relação a fevereiro de 2021. Os resultados decorrem da falta de componentes, da situação econômica do país e ainda continuidade dos reflexos da pandemia da covid-19 e o impacto da ômicron que afastou funcionários das linhas de montagem.
A produção de 165,9 mil unidades cresceu 14,1% em relação a janeiro, mas caiu 15,8%na comparação com o mesmo mês do ano passado. O resultado acumulado do primeiro bimestre despencou 21,7% com 311 mil unidades.
O registro de 129,3 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus aumentou 2,2% sobre janeiro mas foi 22,8% menor na comparação com fevereiro de 2021.
Nos primeiros dois meses do ano foram licenciados 222.802 veículos, menos 27,8% no mesmo período do ano passado. O estoque cresceu de 114,4 mil veículos em janeiro para 120,1 mil no fim de fevereiro. Os 84 mil das revendas corresponderam a 27 dias e os 35,2 mil das montadoras a 20 dias.
A exportação de veículos registrou o melhor resultado da cadeia automotiva no mês. Foram embarcadas 41,4 mil unidades com o salto de 49,6% na comparação a janeiro e 25,4% com a fevereiro de 2021. No bimestre, o crescimento foi 17,3% sobre igual período de 2021 com 69,15 mil unidades. Em valores, foram US$ 731,9 milhões, mais 31,9% sobre janeiro. No ano, foram US$ 1.286,8 bilhão, com o crescimento de 22,1% na comparação com o primeiro bimestre de 2021. O resultado decorreu do esforço das empresas para cumprir contratos atrasados por conta da pandemia e das quebras na cadeia logística.
Carga tributária
Ao avaliar os resultados de fevereiro, o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de veículos Automotores (ANFAVEA), Luiz Carlos Moraes, pondera que as notícias de que o IPI automotivo estava prestes a ser reduzido fizeram com que muitos clientes adiassem a concretização do negócio. Moraes revelou que muitas montadoras já repassaram a redução do IPI para seus veículos, o que beneficiou o consumidor.
Esperamos uma boa reação do mercado em março, um mês mais longo, sem feriados, com vários modelos com preços reduzidos nas lojas e historicamente mais aquecido que janeiro e fevereiro
LUIZ CARLOS MORAES
Presidente da Anfavea
O executivo destaca que o setor automotivo foi surpreendido por duas notícias simultâneas no fim de fevereiro, uma muito positiva, a outra alarmante. A boa nova foi a redução de 18,5% do IPI para automóveis e comerciais leves. Lembrou que o Brasil tem uma carga tributária absurda. No caso dos automóveis, de 37% a 44%. Com a redução caiu cerca de dois pontos percentuais e ficou em torno de 35% a 42%.
- É sempre muito bem-vinda qualquer proposta que alivie a pesada carga tributária sobre a indústria de transformação no Brasil. A redução do Custo Brasil, embora ainda tímida, é benéfica não só para o setor industrial, mas também para a geração de empregos, para os consumidores e para a sociedade como um todo".
Guerra
A invasão da Ucrania pela Russia é vista como injustificável e com perplexidade pelo setor. Em primeiro lugar pela preocupação com o aspecto humanitário, com tantas mortes, inclusive de civis, e uma legião de refugiados tentando chegar a países vizinhos, incluindo brasileiros.
O presidente da Anfavea acredita que ainda é cedo para a avaliação dos inevitáveis reflexos negativos sobre a economia global e o fluxo da cadeia logística para o setor automotivo. O confronto comprometer a cadeia produtiva com a elevação de dos preços com reflexos nos custos.
Moraes lembra que o mundo ainda vive sob uma pandemia que cobra tantas vidas e desorganiza a sociedade, “pode sofrer novos e duros golpes caso esse conflito não seja resolvido com um cessar-fogo imediato e a volta da diplomacia”.