O ano começou ruim para o setor automotivo. A produção de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus despencou 31,1% em relação a dezembro. A venda foi pior ainda com a capotagem de 38,9% no mesmo período. A exportação tombou 33,5%. Foi o pior resultado do mês em 19 anos para a indústria e 17 anos para a comercialização. A exportação caiu 25,9% sobre dezembro e cresceu 6,6% no comparativo com janeiro de 2021.
A produção de 145,4 mil veículos em janeiro foi 31,1% menor em relação a dezembro e 27,4% sobre o mesmo mês de 2021. Os 126,5 mil registros caíram 38,9% na comparação com dezembro e 26,1% sobre janeiro do ano anterior. Os dados divulgados pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) nesta segunda-feira (7), mostram ainda o embarque de 27,6 mil veículos, menos 33,5%, em volume, e de US$ 555 milhões, menos 25,9% em valores. Os utilitários esportivos representaram 50,6% dos veículos produzidos.
O estoque foi praticamente igual ao de dezembro com 114,5 mil veículos, dos quais 82,5 mil nos concessionários e 31,9 mil nas montadoras. O volume correspondeu a 17 dias de venda. O quadro funcional das montadoras cresceu 0,3% sobre dezembro com 101,3 mil colaboradores.
Causas do tombo
O forte resultado negativo foi atribuído pelo presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, à parada das fábricas no final de ano, feriados, férias escolares e natural desaquecimento após a alta que ocorre em dezembro. Também pela aceleração da produção em dezembro para terminar os carros que não poderiam ser concluídos neste ano.
A falta de componentes eletrônicos e o impacto da variante ômicron sobre a força de trabalho também comprometeram a produção. As associadas da entidade tiveram índices sem precedentes de absenteísmo, por conta de afastamentos de funcionários por covid-19 ou por suspeita da infecção. Moraes lembrou que outros países afetados pela variante ômicron tiveram quedas parecidas com a brasileira. Também as chuvas acima da média para o período afetou fornecedores, fabricantes e concessionários.
- Foi um mês de recorde nas infecções por covid-19 no país e de chuvas acima da média para o período, o que afetou a produção dos fornecedores e dos fabricantes de veículos, e ainda afastou clientes das concessionárias -, destacou o presidente da Anfavea.
Dias melhores
Moraes ainda aposta numa boa reação do mercado para este ano, apesar deste janeiro frustrante. “Os problemas causados pela Ômicron deverão ser amenizados nos próximos dois meses, permitindo um quadro mais próximo da normalidade em todas as atividades.” E, como destacou na coletiva anterior, “ não teremos todos os semicondutores que precisamos este ano, mas o nível de escassez será menor que em 2021".
“ O único sinal de alerta é para a alta dos juros acima do que era esperado.
LUIZ CARLOS MORAES
Presidente da Anfavea
A alta dos juros acima do esperado também preocupa o presidente da Anfavea pois mais de 50% dos veículos são comprados com financiamento. "Isso pode desaquecer o mercado, caso não haja contrapartidas que tragam algum alívio para o orçamento dos consumidores”, ponderou.