A produção de veículos fechou julho em queda. As linhas de montagem trabalharam em marcha lenta, quando não pararam pela falta de componentes, o que comprometeu a cadeia automotiva. A falta de semicondutores persistiu e forçou a redução parcial e mesmo total de fábricas como as da General Motors, Volkswagen e Renault. As dificuldades na produção refletiram na venda e exportação de veículos que também caíram em julho. Apesar do quadro adverso, cresceram no9 resultado acumulado do ano.
Pelo segundo mês consecutivo, a produção de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus recuou no Brasil, de acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA) com dados divulgados pelo presidente da entidade, Luiz Carlos Moraes.
A queda foi creditada às paralisações de algumas fábricas pela falta de semicondutores, item que integra centenas de equipamentos eletrônicos dos veículos.
Resultado negativo
A situação é delicada para os fabricantes de automóveis, em função dos maiores volumes de produção necessários para abastecer o mercado. O segmento de caminhões sofre de forma mais amena os impactos negativos e se não fossem os percalços e poderia ter desempenho ainda melhor.
- Há demanda interna e externa por um volume maior de veículos, mas infelizmente a falta de semicondutores e outros insumos tem impedido a indústria de produzir tudo o que vem sendo demandado, apesar dos esforços logísticos empenhados pelas empresas", afirmou o Moraes.
Foi a pior produção para um mês de julho desde 2003.
LUIZ CARLOS MORAES
Presidente da Anfavea
A produção de 163,6 mil veículos em julho caiu 2% em relação as 166,9 mil unidades de junho e - 4,2% sobre as 170,7 mil do mesmo mês 2020, que teve resultado prejudicado.
Neste ano, saíram das linhas de montagem brasileiras 1,312 milhão de veículos.
O salto foi de 45,8% na comparação com os 899,9 mil veículos no mesmo período do ano passado.
Por falta de veículos, a venda também caíu. Foram 175,5 mil emplacamentos, - 3,8% do que os 182,5 mil de junho e -0,6% sobre os 174,5 mil do mesmo mês em 2020. A venda acumulada de 1.248,6 mil veículos representou o salto de 50,7% na comparação com as 983,3 mil em 2020.A média diária de oito mil licenciamentos diários foi a pior média em 12 meses.
A exportação despencou 29,1% em julho com o embarque de 23,8 mil veículos enviados a outros países, volume 29,1% contra 33,5 mil no ano anterior. Nos primeiros sete meses de 2021 foram exportados 223,9 mil, 50,7% a mais na relação com 2020. Em valores foram US$ 509,182 milhões, menos 6,1% na comparação com os US$ 594,989 milhões.
- Os estoques de 85 mil unidades nas fábricas e nas concessionárias são os menores das últimas duas décadas, o que comprova a gravidade da situação".
LUIZ CARLOS MORAES
Presidente da Anfavea
O expressivo resultado positivo foi decorrência da baixa base de 2020, quando a pandemia provocada pelo coronavírus parou a produção.
O presidente da Anfavea, , pondera que esse crescimento precisa ser contextualizado porque “nós ficamos vários meses parados”.
O executivo complementou há previsão de normalização no fornecimento de semicondutores até meados de 2022.
Peso pesados
A produção de caminhões foi a única que cresceu.
A produção em julho de 14,8 mil unidades cresceu 1,1% sobre junho e 21,9% em relação ao mesmo mês de 2020.
O licenciamento de 12 mil caminhões foi 5,3% superior ao do mês anterior.
No ano foram vendidas 66,9 mil unidades, o que significa um crescimento de 47,9% em relação aos sete primeiros meses do ano passado.
Dados apresentados pelo presidente da Anfavea mostraram que mesmo com a baixa oferta para tanta demanda, os preços dos automóveis e comerciais leves cresceram em média 8,3% nos últimos 12 meses, segundo acompanhamento da KBB, multinacional especializada em preços de carros. O índice é inferior ao da inflação do período, que foi superior a 35%, de acordo com o IGPM. É menor também que a valorização dos veículos seminovos em 12 meses (cerca de 17% pelo índice KBB) e dos insumos que impactam o custo de produção, como resinas e elastômeros (109%), siderurgia (84%) e plásticos (43%), entre outros aferidos pelo IBGE.