Uma viagem no tempo para conhecer desenhos e pinturas rupestres feitas pelo homem pré-histórico na superfície de rochas, grutas e cavernas, algumas delas com mais de 10 mil anos e habitadas por morcegos. Na primeira etapa do projeto Expedição Nissan: À procura do início do Brasil. Jornalistas acompanhados por pesquisadores percorreram 400 quilômetros, a maioria por estradas de terra, trilhas rústicas e até campo aberto.
A expedição foi também um rigoroso teste para a picape Frontier que mostrou suas qualidades para rodar em qualquer terreno. Robusta, confortável e segura ignorou os obstáculos pelos caminhos que levaram ao Sítio da Lapa Sucupira, Fazenda Samambaia, Cachoeira Lajeado, Mirante Juquinha, Matosinhos e o Parques Estaduais do Sumidouro e da Cerca Grande.
O diretor de Comunicação Corporativa da Nissan do Brasil, Rogério Louro, revelou que a ideia da expedição, ao contrário de eventos que vão de um lugar bonito para outro, foi expor o produto em encontros regionais com locais interessantes e contribuir com a cultura, o desconhecido e a história do país. A primeira edição aborda a arte da pintura rupestre e teve a etapa inicial realizada em Minas Gerais, na semana passada. A expedição passará ainda pelos sítios pré-históricos do Piauí, Mato Grosso e Bahia. “O conceito do projeto acompanha o compromisso da Nissan de estar cada vez mais presente no dia a dia dos brasileiros” ressaltou o executivo.
Participamos da expedição que uniu um produto da marca e a contribuição com a cultura e a pesquisa científica ao divulgar o acervo de pinturas rupestres do Brasil. Muitas vezes mais conhecido e admirado por estrangeiros do que pelos brasileiros. Como em uma viagem na máquina do tempo, ficamos surpresos com o que encontramos nos sítios arqueológicos de Minas Gerais, que estão entre os mais antigos e importantes do mundo. Algumas das pinturas que vimos, deixadas pelos primeiros habitantes do país, têm mais de 12 mil anos e, certamente, ficarão para sempre em nossa memória.
No caminho, a primeira parada foi no Sítio Lapa Vermelha. No local, nos anos 70, uma missão francesa encontrou 70 fósseis, entre os quais o de uma mulher – chamada de Luzia – com 12.500 a 13 mil anos. Conhecemos as inscrições rupestres da Gruta da Lapinha, no Parque Estadual do Sumidouro. No interior da caverna, ficamos pouco tempo pelo cheiro forte deixado pelas fezes do morcegos que vivem no local. Também plantamos mudas de Ipê Amarelo no Abrigo da Samambaia, que fica próximo ao Museu Peter Lund.
O crânio da Luzia é o fóssil humano - Homo Sapiens - mais antigo encontrado na América. A estimativa é que tenha entre 12.500 a 13 mil anos. Pertenceu a uma mulher de 20 anos de idade, segundo pesquisas. O nome foi dado pelo biólogo Walter Alves Neves. O crânio foi encontrado no começo dos anos 70 pela missão arqueológica franco-brasileira chefiada pela arqueóloga francesa Annette Laming-Emperaire. O fóssil foi descoberto em escavações na Lapa Vermelha, uma gruta no município de Pedro Leopoldo, na região Metropolitana de Belo Horizonte.
A gruta ficou famosa pelos trabalhos do cientista Peter Lund (dá nome ao museu do parque estadual) que descobriu, entre 1835 e 1845, milhares de fósseis de animais extintos, além de 31 crânios humanos em estado fóssil. O naturalista dinamarquês encontrou, na Gruta do Sumidouro, ossos humanos associados a fósseis de animais. A partir da descoberta, começaram os estudos sobre a ocupação humana da região, o que teria acontecido há cerca de 11.500 anos.
Depois de muita poeira e queimadas, a próxima parada foi na Casa Fernão Dias, a caminho do Sumidouro. Passamos pelo marco histórico Cruz do Pai Mané e chegamos no mirante da Lagoa do Sumidouro, seca por mais de 10 anos, onde visualizamos o entorno de toda a região.
Deu vontade de desistir, mas seguimos para o paredão da Lapa do Sumidouro, que tem altura equivalente a um edifício de 40 andares. Antes da aventura, parada para hidratação e passar repelente para afastar os insetos do final de tarde. A trilha sinuosa, estreita e as pedras soltas no mato fechado complicaram o acesso. Apesar da dor no joelho, o esforço valeu a pena pela observação das pinturas rupestres de milhares de anos.
O Parque Estadual do Sumidouro é o único sítio pré-histórico mineiro aberto ao publico. Para melhorar as condições de acesso ao local, a Nissan contribuiu para a reforma do deck e das trilhas que levam ao sítio arqueológico Lapa do Sumidouro. O que permitirá aos visitantes chegar próximo ao paredão de inscrições arqueológicas deixadas pelos primeiros habitantes do país.
O gerente técnico do parque criado em 2006, Rogério Tavares de Oliveira, destacou as obras realizadas que permitirão aos visitantes verem mais perto e com maior segurança o patrimônio deixado nos últimos milênios por povos nas paredes do sítio que, em conjunto com outros 170 locais, compõe o Parque Estadual do Sumidouro.
Duzentos quilômetros e 11 horas desde a saída de Lagoa Santa, com muita poeira e buracos pelo caminho, chegamos na pousada de apoio. A Frontier ajudou. A combinação do motor 2.3 16V biturbo diesel de 190 cv com o câmbio automático de sete velocidades e a tração 4x4 garantiu condições para rodar em situações precárias.
A ótima suspensão absorveu as irregularidades do terreno e dos buracos. Claro, nem todas. Na cabine, eficiente ar-condicionado de duas zonas e conforto próximo ao de um carro de passeio. Guardadas as condições rigorosas, o comportamento ficou próximo ao do test-drive que realizamos pelas estradas gaúchas.
Na manhã seguinte, voltamos cedo à estrada. A primeira parada foi no Sítio Lapa da Sucupira. Localizada às margens do Rio Parauninha, no Vale do Rio Cipó, a área é repleta de inscrições rupestres com mais de oito mil anos visíveis sem a necessidade do uso de binóculos. Os desenhos retratam animais e figuras geométricas e humanas. A temperatura elevada e o Sol forte que nos acompanhava, além do bloqueador, exigiram paradas para hidratação.
À tarde, depois da Estrada Real, seguimos para Cachoeira do Lajeado.
No sinuoso trecho de serra, os controles eletrônicos de estabilidade, tração, frenagem, descida e partida em rampa da Frontier ajudaram a condução com segurança. Depois, às margens da rodovia MG 010, assistimos ao pôr do sol no Mirante do Juquinha, um dos pontos emblemáticos da Serra do Cipó e também de rara beleza na expedição.
Bagagem a bordo, o terceiro e último dia foi corrido. As 8h, já estávamos na estrada, desta vez mais asfalto do que terra batida nos 100 quilômetros percorridos.
Passamos por Santana do Riacho, Jaboticatubas, Lagoa Santa e Pedro Leopoldo até chegar ao parque de Matozinhos e as pinturas rupestres visíveis a distância nos paredões rochosos.
Missão cumprida, depois de rápido almoço com a boa comida mineira, foi a corrida contra o relógio para pegar o voo em Confins e retornar para Porto Alegre. O que eu não esperava foi o atraso de quase três horas na conexão em São Paulo.
Cheguei em casa a uma hora da manhã com a certeza de que a Expedição Nissan, muito mais do que uma aventura com a Frontier, foi a oportunidade, certamente única, de conhecer in-loco um pouco mais da pré-história do Brasil e da humanidade que eu conhecia apenas pelos livros.
Viagem a convite da Nissan