Estação de transição, alternando temperaturas altas e baixas – não raro no mesmo dia –, o outono é desafiador para a saúde. Nesta época, convém rever os cuidados para prevenir doenças respiratórias, iniciativa que vale, especialmente, para quem é mais suscetível a esse tipo de problema. A faixa etária a partir dos 60 anos deve ter atenção reforçada.
À medida em que o calendário vai passando do verão para o inverno, mudam as enfermidades mais frequentes nos pronto-atendimentos e nas emergências. Gradualmente, diminuem os casos de dengue e gastroenterite típicos do período de calor e começam a ser registradas as ocorrências características do frio, observa a clínica médica Larissa Hermann, coordenadora da Clínica Médica dos hospitais São Marcelino Champagnat e Universitário Cajuru, em Curitiba (PR), e professora da Escola de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). As oscilações nos termômetros afetam diretamente quem tem problemas respiratórios.
— Facilita ter exacerbações de doenças como rinite, sinusite, asma e bronquite. O doente pode precisar de ajuste de medicação, idas ao médico e, inclusive, internação hospitalar — afirma Larissa.
Fumantes estão sob risco ainda maior, alerta Gustavo Chatkin, pneumologista do Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e professor da Escola de Medicina da mesma instituição.
— Nos preocupamos porque esses pacientes já têm uma capacidade pulmonar muito comprometida pelo cigarro, e pequenas mudanças de temperatura podem dar exacerbações mais graves, incluindo até necessidade de ida para a emergência, com falta de ar, chiado no peito, crises de tosse — explica Chatkin.
Conforme esfria, há uma circulação mais intensa dos vírus respiratórios, como os da gripe e da covid-19. O vírus sincicial respiratório, comum entre bebês e crianças, tem acometido cada vez mais os idosos, segundo Chatkin.
— Vai ficando mais frio, tem mais aglomeração em locais fechados, e isso acaba se tornando muito fácil para a disseminação viral — constata o pneumologista.
Quem é acometido por uma infecção viral pode acabar sofrendo também com uma infecção bacteriana, alertam os especialistas.
— Existe um percentual não desprezível de pessoas que têm infecção bacteriana pós-viral. O vírus faz uma agressão tão grande ao organismo, há um desequilíbrio tão grande, e a bacteriana entra na sequência — aponta Chatkin.
Limpeza da casa é essencial
Continuidade é um elemento fundamental na prevenção das doenças de outono. Quem segue um tratamento contínuo não pode deixar de cumprir a prescrição médica.
— O mais importante é manter o tratamento regular, não esquecer as medicações que precisa usar e fazer acompanhamento médico para não ter piora nesse período — orienta Larissa.
Chatkin complementa:
— Tão importante quanto as infecções respiratórias, a má adesão ao tratamento é uma das causas mais frequentes de exacerbação. Se o paciente tem asma e precisa usar uma bombinha, não é incomum que fique superbem e abandone o tratamento. É que nem com pressão alta: se não usa o remédio, a pressão que está boa vai aumentar.
Tomar as vacinas contra a gripe e a covid se inclui nessa estratégia preventiva básica. A campanha nacional pela imunização contra a influenza está transcorrendo desde o final de março, contemplando, permanentemente, pessoas a partir de 60 anos. Apesar da falta temporária de doses contra a covid em diversos locais do país, incluindo o Rio Grande do Sul, a população não deve esquecer de atualizar a carteira de vacinação assim que os estoques forem repostos. Chatkin destaca que o imunizante contra a pneumonia também é recomendado para esse grupo etário.
A umidade é um fator desestabilizador para o alérgico. O aumento do índice de umidade já faz com que o paciente entre em crise, observa Chatkin. Isso significa acordar espirrando, começar a coçar o nariz. O paciente asmático pode começar a tossir mais, ter falta de ar, chiado.
— A umidade aumenta propagação de fungos, e isso, para o alérgico, alérgico é muito ruim. A higiene da casa é fundamental. Deve-se tirar mofos e mantê-la sempre limpa — fala Chatkin.
Previna-se
- Hidrate-se. Beba água mesmo sem sentir sede
- Evite o tabagismo ativo e também o passivo
- Vacine-se contra a gripe, a covid e a pneumonia
- Siga uma alimentação balanceada
- Pratique atividade física regularmente
- Mantenha os ambientes arejados
- Limpe tapetes, cortinas e sofás
- Lave as mãos com frequência
- Utilize os equipamentos de proteção individual (EPIs) necessários caso trabalhe em locais poluídos
- Proteja a boca e o nariz com a parte interna do cotovelo ao tossir ou espirrar
- Tenha álcool gel disponível em casa para os visitantes
- Evite locais fechados e com aglomerações
- Não se aproxime de pessoas com sintomas gripais