Dor no peito não deve jamais ser subestimada ou ignorada. Mesmo se durar apenas poucos minutos ou começar a perder intensidade, aliviando. Pode ser um sintoma de infarto do miocárdio. Trata-se de uma ocorrência comum no verão, estação que convida à prática de atividades físicas ao ar livre, incentivando o surgimento de "atletas de verão". O infarto ocorre mais na terceira idade.
O mal-estar pode surgir durante uma partida de futebol ou corrida na beira da praia. Esse tipo de situação motiva uma campanha recém-lançada pela Sociedade de Cardiologia do Rio Grande do Sul (Socergs) nas redes sociais.
Presidente da entidade, o cardiologista Luís Beck da Silva Neto, também professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), conta que sempre lida com episódios assim durante a época de praia. Há poucos dias, ele próprio estava na orla quando recebeu, via celular, a imagem de um eletrocardiograma para avaliar — o paciente se sentiu mal enquanto jogava tênis e estava mesmo tendo um infarto.
— Opressão no peito, dor espalhada, não é dor pontual. A demonstração da dor é colocar a mão aberta no peito, e não apontar. Pode irradiar para o braço esquerdo e para a mandíbula. Tem variações, pode ser o braço direito, mas o clássico é isso. Pode até aliviar — descreve o médico.
Há risco mesmo na dor que não é tão intensa e que talvez não seja valorizada pela pessoa. O quadro pode evoluir com falta de ar e, eventualmente, desmaio. A forma correta de agir numa situação assim é levar o paciente, de imediato, a uma unidade de pronto atendimento ou hospital com capacidade para realizar um eletrocardiograma e que disponha de um profissional capacitado para interpretar o resultado. Mesmo se houver dúvida sobre quanto a ser ou não um infarto ou em relação à gravidade do episódio, deve-se buscar assistência médica. Não perder tempo é fundamental em toda as etapas do processo.
— Na maioria das vezes, o que precisa fazer é chegar a um local com capacidade de fazer um cateterismo cardíaco para desobstruir a artéria entupida — explica Beck.
Pode-se prevenir o infarto com controle dos fatores de risco, como hipertensão, diabetes, sobrepeso e obesidade, entre outros (leia mais abaixo).
— Tendo esse ambiente favorável (para o infarto), só precisa do gatilho. E o gatilho é o joguinho na praia — alerta o cardiologista.
Como proceder
- Em caso de dor no peito (espalhada, não pontual) que pode irradiar para o braço esquerdo e a mandíbula, é preciso procurar ajuda. Pode haver variações nessas características da dor (o braço a doer pode ser o direito, por exemplo), além de ter duração de poucos minutos ou até mesmo chegar a aliviar. A dor não precisa ser, necessariamente, forte
- O mal-estar pode ocorrer durante uma corrida, uma partida de futebol ou o surfe
- É possível que o quadro evolua com falta de ar e desmaio
- O paciente precisa ser levado até uma unidade de pronto atendimento ou hospital imediatamente. O local tem que dispor de eletrocardiograma e profissional capacitado para interpretar o resultado do exame
- O perfil da Socergs no Instagram lista unidades que operam 24 horas e podem receber casos de suspeita de infarto
Previna-se
- Tenha uma alimentação balanceada
- Controle o consumo de sal. Sempre que possível, reduza a quantidade ingerida
- Verifique a pressão pelo menos uma vez por ano
- Caso seja hipertenso, faça o tratamento e o monitore para se assegurar de que está funcionando
- Controle o colesterol e o diabetes
- Emagreça, se necessário
- Mantenha o peso adequado
- Não fume
- Pratique atividade física com regularidade
- Durma bem
- Consulte um médico regularmente. O acompanhamento de rotina pode ser realizado por clínico geral ou geriatra, que fará o encaminhamento para um cardiologista caso seja necessário
Fatores de risco
- Histórico familiar de infarto
- Hipertensão
- Pré-diabetes e diabetes
- Alimentação rica em sal e gordura
- Sobrepeso e obesidade
- Colesterol alto
- Tabagismo
- Sedentarismo
Fontes: Socergs e Ministério da Saúde