A imagem da quarta-feira (28) olímpica para o Brasil foi mais uma vez o choro de Maria Portela após a eliminação no judô. Não é a primeira vez que isto acontece. Assim foi em Londres e no Rio de Janeiro. Não há nenhum problema nesta reação. A Maria é assim.
Leva suas emoções ao extremo e precisa ser também extrema na hora de estravazar. Não adiantará, por enquanto, nem as pessoas mais próximas dizerem que participar de três Olimpíadas é algo fantástico, mesmo que não se conquiste medalha. Isto não vale para ela, que cria para si uma cobrança exagerada. Esta gana é seu combustível e, por mais que pareça fragilidade emocional, fez dela uma vencedora na carreira, superando muitos obstáculos físicos e técnicos.
Agora, no entanto, é preciso ser diferente. Raçuda como sempre foi, Maria Portela vai precisar enxugar as lágrimas para ser a capitã da equipe brasileira na disputa da medalha coletiva, novidade incorporada ao judô olímpico em Tóquio. É hora de neutralizar a derrota, evitando de remoer ressentimentos, como a discutível arbitragem.
Por mais que atletas como ela detestem ouvir que são vitoriosos independentemente de resultados, isto precisa estar na mente da gaúcha para que, ao final da competição, haja, quem sabe, um choro de alegria. Existe ainda uma medalha ainda em jogo.
Ensurdecedoras
Quem vai ao Nippon Budokan precisa caminhar pelo Parque Kitanomaru, belíssima área verde na qual está o ginásio histórico do judô japonês. Durante o dia, especialmente quando há sol, um ruído intenso e agudo quebra o silêncio e tira qualquer possibilidade de se escutar o canto dos pássaros do local.
O barulho ensurdecedor é das cigarras, que aos milhões habitam o local, se alojando nas árvores. O belo local não se presta para quem quer ter sossego ou relaxar.
Conta altíssima
A decisão de não permitir público nas competições olímpicas não mudou em nada os locais das disputas. Sejam com estruturas definitivas ou equipamentos permanentes, sequer cadeiras móveis foram retiradas. É como se a qualquer momento as portas pudessem ser abertas, e uma multidão tomasse seus lugares para assistirem às competições.
Com estruturas gigantes e sem a ocupação inicialmente prevista, fica claro para quem circula por Tóquio e frequenta arenas e estádios vazios que o prejuízo japonês com as Olimpíadas é bilionário.
Ouro sem dono
A decisão de Simone Biles de não disputar provas para as quais estava classificada foi uma bomba em Tóquio e no mundo da ginástica. Ela era um verdadeiro símbolo desta Olimpíada, como foram Michael Phelps e Usain Bolt em edições passadas. Sem ter nada a ver com o drama da norte-americana, as outras ginastas sabem que algumas medalhas que tinham destino certo agora estão abertas. Cresce aí a brasileira Rebeca Andrade, que na etapa classificatória do individual geral feminino ficou com o segundo lugar, atrás apenas de Biles. A chance de pódio é muito grande, e o ouro passou a estar novamente em disputa. A manhã de quinta-feira no Brasil promete.
Novas prioridades
A pandemia e os rígidos protocolos sanitários no Japão tomaram o lugar de uma preocupação excessiva de outras edições dos Jogos Olímpicos: a segurança. No sistema de revista para acesso em áreas olímpicas, é tomada a temperatura, e todos são obrigados a lavar as mãos com álcool em gel na frente dos fiscais.
Na hora da revista de bolsas e materiais de trabalho, porém, soldados japoneses passam tudo no raio X e sequer pedem para abrir as mochilas para mostrar o conteúdo. O máximo que se tem é a proibição de portar líquidos para entrar nas áreas olímpicas.
Medalha de Ouro — Luisa Stefani e Laura Pigossi — Dupla que herdou a vaga nos Jogos Olímpicos já derrotou adversárias fortíssimas, garantiu vaga nas semifinais e a disputa de uma medalha, fazendo história no tênis brasileiro.
Medalha de Lata — Arbitragem do judô — Mesmo com auxílio do vídeo, há muitas decisões polêmicas, como a de sonegar um wazari que valeria a vitória para a gaúcha Maria Portela nas oitavas de final e sua sequência na disputa de medalhas.