Questionar a qualidade da administração de Romildo Bolzan Júnior no Grêmio é um erro. Ainda que não possa ser considerado o maior dirigente da história do clube, algo que só o passar do tempo permitirá no futuro, ele está no cargo há quase sete anos e, neste período, o time ganhou títulos importantes e marcou época pela maneira de jogar.
Paralelamente, há um sucesso administrativo com a palavra "superávit" passando a ser algo constante nas conversas e balanços. Romildo nunca teve sua autoridade colocada em dúvida, mas os últimos tempos oferecem algumas concorrências ao dirigente.
Está difícil saber quem manda no Grêmio. Renato Portaluppi gozou de um poder que nenhum outro treinador teve. Ele contratou jogadores, mudou comissão técnica, escolheu dirigentes e fez valer sua condição de maior ídolo da história do clube. Cláudio Oderich, vice-presidente gremista, também se mostrou poderoso. Foi ele que detonou o processo que culminou com a demissão de Renato.
Dentro das quatro linhas, também há quem faça valer uma autoridade surpreendente. Foi assim que Matheus Henrique agiu com o técnico Tiago Nunes, que dias depois acabou saindo do cargo. Em meio a tudo, torcedores se impuseram na hora de protestar e foram obedecidos pela diretoria, que permitiu a entrada de alguns no CT, descumprindo normas sanitárias, para interpelarem profissionais sobre a má fase.
Na hora de decidir um treinador para a vaga de Tiago Nunes, o Conselho de Administração se dividiu, uns querendo Felipão, outros pregando a volta de Renato. Ninguém mandou mais do que ninguém, e a solução encontrada é um verdadeiro remendo, com a oficialização sem tempo determinado para o interino Thiago Gomes, decisão que precisou da aprovação dos jogadores.
Definitivamente, ainda que não tenha perdido o posto ou a ascendência que o regime presidencialista lhe dá, Romildo Bolzan Júnior está convivendo com seu período mais difícil de todas as gestões, com muita gente empoderada ao seu lado. Isto não é bom.