Marco Silva é um jovem treinador português. Aos 43 anos de idade, já tem 25 de carreira como técnico, tendo como melhores resultados a conquista de uma Taça de Portugal pelo Sporting e um Campeonato Grego dirigindo o Olympiacos.
Suas andanças também passaram por clubes da Inglaterra: Hull City, Watford e Everton, de onde saiu após uma goleada sofrida para o rival Liverpool por 5 a 2 quando sua equipe estava na zona do rebaixamento da Premier League. No ano anterior, é verdade, foi bem no clube, terminando o campeonato na oitava posição.
Lá, teve como seus jogadores os atacante Richarlison e Bernard. Resultados à parte, ele é tido como um profissional de propostas modernas, como outros tantos que pipocam mundo afora.
Do Brasil, além dos dois conhecidos jogadores que comandou na Inglaterra, não se tem notícia de nenhuma outra relação mais íntima de seu trabalho com a nossa cultura futebolística. Provavelmente ele desconhece, entre outras coisas, o endereço do Estádio Beira-Rio ou o que significa a expressão "Gre-Nal".
Depois do espanhol Miguel Ángel Ramírez ter feito água na sua tentativa de romper os paradigmas colorados, é uma surpresa grande, talvez um susto, o Inter cogitar trazer Marco Silva para ser seu treinador. A chance de não dar certo, e de ser mais uma aventura cara, é muito grande.
Os motivos são praticamente os mesmos: pouca vivência do futebol brasileiro e desconhecimento da delicada realidade colorada, em que faltam títulos e dinheiro e sobram cobranças. A única vantagem aparente em relação a Ramírez é que Silva fala a língua portuguesa.
Se contratado, estará desembarcando em Porto Alegre para apresentar resultados imediatos um desconhecido e sem credenciais que poderiam ser obtidas em profissionais brasileiros ou sul-americanos que possuem uma intimidade muito maior com o clube e seu universo.
Nada contra Marco Silva, mas é preciso que haja uma boa explicação para a simples especulação de seu nome que seja diferente do oferecimento de um hábil empresário. Mesmo para mudar a filosofia ou revolucionar conceitos, é necessário por vezes simplificar o processo, especialmente depois do fracasso de uma primeira investida que merecia confiança total dos dirigentes.
Na hora do recuo estratégico, considerar um nome tão exótico beira o delírio e coloca em risco a credibilidade de uma gestão extremamente audaciosa, mas com poucos quilômetros rodados. É hora de soluções mais óbvias e com boas credenciais. O risco de vexame é menor com quem sabe onde fica Porto Alegre e já entrou no Beira-Rio.