Passado quase um ano, pode haver hoje quem diga que o presidente gremista Romildo Bolzan Júnior errou feio ao não concordar com a proposta surpreendente do Palmeiras que chegou a sinalizar uma oferta de até quatro jogadores pelo meia Jean Pyerre. Também há quem conteste a não aceitação de uma oferta de 5 milhões de dólares feita pelo Vancouver Whitecaps, do Canadá por 50% dos direitos do jogador.
Em nenhum dos dois casos, porém, há motivo para condenação sumária do dirigente tricolor. Romildo apenas seguiu apostando no talento de uma das maiores promessas das categorias de base gremistas e com serviços mostrados no grupo principal. A perspectiva de uma valorização muito maior era real nas duas oportunidades. Esta realidade mudou radicalmente e a hora da separação entre clube e atleta se mostra uma necessidade para o bem de todos.
As perspectivas brilhantes perderam a luminosidade. As lesões se encarregaram dos primeiros capítulos e a queda técnica do jogador está sendo definitiva numa verdadeira desilusão dos tricolores. Por parte de Jean Pyerre também não há nenhuma demonstração clara de iniciativa para mudar a decepcionante realidade de seu futebol como foi visto ao extremo no jogo contra o Brasiliense pela Copa do Brasil.
Não há competitividade, intensidade e comprometimento coletivo. Não bastassem os fatores de campo, há rotineiros acontecimentos fora das quatro linhas, sejam reais ou virtuais. Se não é verdade que o meia disse que quer sair do Grêmio, conforme ele mesmo desmentiu, há de se considerar que um futuro longe da Arena se mostra um caminho interessante para ele. A relação que já foi íntima esfriou.
Ainda que não venha a ter neste momento o que já sonhou como um valor digno por Jean Pyerre, é bom o Grêmio admitir sondagens ou até propostas por ele, quem sabe até procurá-las. O perigo de uma desvalorização maior existe. Para o jogador, novos ares serão benéficos, sem as atuais cobranças e com uma acolhida num novo destino ainda relacionada com aquilo que ele já demonstrou. Pode ser no Brasil ou no exterior, quem sabe com a permanência de um vínculo com o Tricolor.
O importante agora é cessar a discussão sobre o aproveitamento na equipe de Tiago Nunes. Vale até consultar os canadenses para saber se ainda existe interesse numa negociação, até porque ela era por metade dos direitos do atleta. Se isto acontecer, mesmo contrário ao que já fez uma vez, Romildo Bolzan acertará.