Um verdadeiro mito do Grêmio chama-se Gessy. O meia, que teve seus dias de glória na década de 1960, notabilizou-se por sua impressionante qualidade técnica, capacidade de fazer gols e, segundo muitos, por não gostar de jogar futebol.
Faltava-lhe o prazer supremo de atuar, embora tanta intimidade com a bola. Parece incrível, mas quem conheceu este supercraque tricolor garante que ele atuou brilhantemente no clube até se formar em odontologia e imediatamente se dedicou à profissão que escolheu. O dom do futebol foi trocado por uma vocação. Perdeu-se um virtuose dos campos ainda aos 28 anos e ganhou-se um competente dentista, profissão que exerceu até o final da vida.
Jean Pyerre lembra Gessy em duas coisas aparentemente: é meia do Grêmio e não demonstra gosto por jogar futebol. Mesmo parecendo uma definição injusta, só quem não aprecia o que faz é que desempenha a atividade com tanto desinteresse como Jean demonstra muitas vezes.
Ele também tem o dom, mas o trata com enfado. Parece que jogar é um sacrifício, algo longe do prazeroso. Entrar em campo se mostra o cumprimento de uma obrigação. Por vezes é legal jogar, em outras, não.
O articulador pode ser o melhor em campo, fazer gols e jogadas lindas, mas nem sempre se esforça para isto. A atuação contra o Brasiliense foi mais uma vez de irritar o torcedor e decepcionar aqueles que sempre exaltaram suas qualidades.
Antes que os que conheceram e admiraram profundamente Gessy fiquem indignados com a citação do mito, é preciso dizer que o Grêmio foi muito feliz com ele como meia. O craque ganhou títulos, protagonizou façanhas, como uma histórica goleada aplicada no Boca Juniors na Bombonera, e hoje figura em muitas das seleções gremistas de todos os tempos. Isto, porém, não apaga o testemunho de que ele jogava futebol com muito mais talento do que prazer.
Jean Pyerre tem talento, não demonstra ter outra vocação e, cada vez mais, deixa em dúvida se aprecia sua atividade profissional. Jamais chegará onde Gessy chegou.