A história da Libertadores ganhou um capítulo especial na noite dessa quarta-feira (19). A vitória do River Plate por 2 a 1 sobre o Santa Fe, em Buenos Aires, é daquelas que viram filme, peça de teatro e, no caso da Argentina, um dramático tango. No gramado do Monumental de Núñez, o que se viu foi o peso de uma camisa intimidando o adversário, um heroico meio-campista se sacrificando como goleiro, dez jogadores de linha bravos e resistentes por aguentarem os 90 minutos — e um técnico, mais uma vez, provando ser excepcional.
O River de Marcelo Gallardo já estava na história do futebol sul-americano por suas vitórias e títulos nos últimos sete anos. Seu nome ser indicado como melhor técnico da América não merece nenhuma contestação, seja para comandar seu time rumo a uma conquista ou por dar prova num jogo especialíssimo de uma fase de grupos da Libertadores.
Só com um técnico genial é possível montar um esquema sem ter goleiro e nem jogadores para o banco de reservas. Taticamente, o time argentino foi perfeito para marcar dois gols muito cedo, compactar as linhas defensivas e evitar de todas as maneiras os arremates adversários de média distância, o que seria um perigo contra um goleiro que tem 1m79cm e sempre jogou como meia.
Por mais que se tenha rivalidade com os argentinos ou contra o River Plate, não houve como não se empolgar com a façanha "millonaria". Mesmo que Gallardo mereça alguns reparos por atitudes de pouca ética ou de alta presunção, é preciso reconhecer seu talento, comparável com os grandes técnicos da Europa.
E o que se pode dizer do preparo físico dos 11 guerreiros que suportaram os 90 minutos sob pressão, especialmente no final do jogo? Destaque-se também o meia Carrascal, colombiano como o Santa Fe, mas ídolo dos argentinos e de atuação notável.
Por mais que o Santa Fe tenha sido uma usina de incompetência por não se valer da situação de desmonte do adversário para usar 16 jogadores ou chutar de longe contra um "não goleiro", fica como marca a bravura, a entrega e a grandeza do River Plate. O clube de Buenos Aires já era naturalmente um dos favoritos da Libertadores e agora está reforçado. Nunca se apagará a marca de um monumental dia 19 de maio na história da competição.