Romildo Bolzan Júnior ficou frustrado com a saída de Renato Portaluppi. O presidente do Grêmio nunca escondeu a vontade de que o técnico o acompanhasse até o final de sua gestão em 2022. O desapontamento do dirigente, porém, provavelmente não envolve o sentimento pessoal de quem teve um desejo desfeito. Por certo, ele está contrariado pelo fim do ciclo do treinador ter se dado por uma crise técnica da equipe que a levou a uma desclassificação numa competição importante e rentável. Acima de aspirações ou metas individuais, quem dirige deve se nortear por satisfazer a instituição.
A situação criada imediatamente após a desclassificação na Libertadores fez surgir a palavra forte de um vice-presidente gremista. Cláudio Oderich não teve temores de publicamente deixar claro que sua vontade era de que Renato Portaluppi deixasse o cargo.
Dividindo opiniões entre os torcedores e, provavelmente, não tendo a concordância unânime de seus companheiros de Conselho de Administração, Oderich se expôs e viu, menos de 24 horas depois, sua vontade atendida. Não há como negar que o saldo político para um dirigente que toma uma atitude dessas e tem o resultado que teve aumenta muito e o destaca entre seus pares.
Passado um dia da demissão do técnico, surge a garantia de que o Grêmio voltará a ter um vice-presidente de futebol, cargo que esteve vago desde o início do ano e que significa normalmente o mais importante fora do Conselho de Administração. Ainda que negue o convite e diga que não o aceitará, Marcos Herrmann surge como nome especulado. Não é a primeira vez que ele aparece como cogitado para o posto que já ocupou há 23 anos. Já naquela época, no século passado, se via em Herrmann alguém com bom potencial para evoluir na direção e um dia se tornar até presidente gremista.
Nunca se falou sobre a sucessão de Romildo Bolzan mais fortemente. Falta mais de um ano para a eleição. Também nunca se viu claramente o presidente preparando um eventual sucessor. Pensar que um de seus conselheiros na gestão venha a ser indicado candidato é repetir o que um dia Fábio Koff fez com ele em 2014.
Ter duas correntes diversas neste grupo diretivo não é impossível. A verdade é que a saída de Renato fez o que popularmente se chama "mexer os aguapés". Os nomes de Cláudio Oderich e Marcos Herrmann podem, sim, passar a figurar em um ainda incipiente noticiário da sucessão presidencial tricolor.