A participação do Grêmio na fase preliminar da Libertadores está sendo emblemática e servindo como um sério sinal de alerta. Nas duas fases, houve impedimento de jogos nos devidos países programados pelo mesmo motivo, o temor e as restrições continentais contra cidadãos brasileiros.
E não se condenem as autoridades sanitárias de Peru e Equador por zelarem pelos seus protocolos sanitários nacionais, ainda que considerem pessoas que chegam do Brasil como emissários da peste. O problema está em território brasileiro, e nossas delegações causam pânico quando chegam a outras nações.
A Libertadores não se sustenta sem os clubes do Brasil. A Conmebol, sabendo disto e temendo por sua galinha dos ovos de ouro, quer que suas regras se sobreponham a leis nacionais e que a bola siga rolando. Isto, porém, não ocorre em todos os países.
Há os que, com correção e soberania, não se submetem a uma entidade desportiva conhecida também por seus defeitos e pela extrema ganância. Existem rígidas medidas de segurança sanitária no futebol sul-americano, mas isto não cria a tão sonhada "bolha" que vimos no ano passado na NBA e nas finais da Liga dos Campeões.
Os brasileiros não são os mais prejudicados, pois seus jogos contra times de locais que não aceitam nossas delegações irão provavelmente todos para o Paraguai. Azar dos adversários, que vão precisar viajar para um jogo em que são mandantes, caso do Ayacucho na fase anterior e agora do Independiente del Valle.
Pior para eles também que precisarão, como os equatorianos, ao voltar de jogos no Brasil, de um período de quarentena. Estamos falando ainda de poucos casos de jogos comprometidos, pois a competição não teve iniciada sua fase de grupos. A tendência é haver mais dificuldades, pois haverá a entrada de mais seis clubes do Brasil, o país recordista de contaminação e mortes pela covid-19.
A Libertadores 2021 precisa ser remodelada, sendo interrompida para se pensar como administrar a diferença de realidades. Vale o mesmo para a Copa Sul-Americana. Não se trata de cancelamento definitivo, mas de busca de algo mais racional do que a simples corrida atrás de dinheiro, que coloca no lixo necessariamente o critério técnico, mas que pode preservar o respeito a leis nacionais sem constranger ninguém.