Renato Portaluppi foi diagnosticado com covid-19 na última segunda-feira (5), depois de apresentar sintomas leves como dores no corpo e irritação na garganta. Por certo, o treinador já estava contaminado no sábado, pois o aparecimento destes sinais acontece, em média, de quatro a cinco dias após o contágio.
O teste RT-PCR, realizado dois dias antes da partida, deu negativo antes do jogo. Segundo as autoridades científicas, o resultado não se mostra anormal, pois é possível não haver resultado positivo nos primeiros dias após a exposição ao coronavírus, ainda que já haja contaminação e possibilidade de passá-lo a outras pessoas.
O técnico trabalhou no Gre-Nal, comemorou a vitória e conviveu perigosamente com seus jogadores sem ter nenhuma responsabilidade ou demonstrado negligência. Tal fato, porém, mostra algo que poderia mudar no protocolo brasileiro, e que o que aconteceu no Grêmio apenas serve como ilustração.
Há algum tempo, estabelecimentos comerciais e mesmo clínicas oferecem exames do tipo RT-PCR com resultados saindo em menos de uma hora. Foi assim, por exemplo, que Renato foi testado e obteve seu resultado positivo pouco tempo depois da coleta do material.
O protocolo sanitário do futebol brasileiro prevê os testes nos clubes dois dias antes das partidas. A alegação de quando foi criada a regulamentação é de que havia a necessidade de mais de um dia para que saíssem os laudos. Este tempo, como se constata, foi reduzido consideravelmente. Não seria o caso da testagem ser feita mais próxima das partidas?
O questionamento é de leigo, mas por trás dele há a lógica de que se diminui o intervalo com possibilidade de contaminação ou apresentação de sintomas entre a coleta e as partidas. Há ainda, aproveitando a agilidade científica, embora onerando mais os procedimentos, a possibilidade de uma testagem a mais, especialmente entre os atletas e profissionais de campo, sempre mais sujeitos a contatos. Tal preocupação, por mais descabida que seja a dúvida, surge porque a situação está cada vez pior ao redor e mesmo dentro do mundo do futebol que não gerou bolha nenhuma, como erroneamente é dito.
O trunfo do protocolo do futebol é a testagem intensa, e é por aí que deve ser reforçado. Na medida em que a covid-19 gera a situação terrível que vive o Brasil e que impede seus cidadãos até de se deslocarem para muitos países do mundo, é hora de haver mais rigidez nos estádios.
É momento de se pensar em exigir exames em todos os que frequentam as partidas, inclusive em jornalistas, policiais, profissionais de apoio ou administração. O que aconteceu com o Grêmio, seja internamente ou no Equador, é mais um de tantos alertas importantíssimos. Talvez o que tenha valido como exemplo até agora precise ser revisado para não termos a parada necessária de competições em pouco tempo.