Contratar o atacante Rafael Borré é muito mais do que fazer a maior negociação gremista dos últimos tempos, somadas luvas e salários a serem pagos ao colombiano. É certo que há riscos, sendo um deles o financeiro, ao ser assumida uma conta indexada ao dólar num momento em que a moeda norte-americana não se cansa de subir.
Também, como em todas as contratações, há a possibilidade de não haver a correspondência técnica, algo que o Grêmio de Romildo Bolzan já viu acontecer com Bolaños, Marinho e Diego Tardelli. Há, porém, a necessidade da ousadia dentro dos limites do clube. O presidente sabe disso e, embora tendo amargado estes reveses, notabiliza-se por uma administração de superávits sucessivos. Por certo, estão calculadas todas as ameaças que significam a contratação de um jogador tão caro, mas que mobilizará a torcida e certamente dará uma contribuição técnica para a equipe.
Louve-se, mesmo em momento de retração financeira, a ousadia gremista, algo que repercute na mídia internacional, especialmente a argentina. Outros pretendentes poderosos e com moedas fortes não conseguiram chegar a um acordo. Falou-se em Feyenoord, da Holanda; Lazio, da Itália, e os brasileiros Palmeiras e São Paulo. Renato Portaluppi sempre falou que o clube precisa "dar um tiro", ao se referir a uma contratação diferenciada. Está sendo disparado o gatilho. Por certo, a escolha de um lugar para o colombiano na equipe pode gerar alguma dificuldade, mas é melhor administrar o excesso do que a escassez.
Borré sabe fazer gols. Foi isto que pediu o treinador do Grêmio e é exatamente o que ele deve receber. Se é verdade que o meio-campo ainda impõe que sejam feitos esforços pela diretoria para qualificá-lo, o atacante do River Plate, até que prove em contrário, é daqueles jogadores que não merecem nenhuma objeção ao serem contratados.
Ninguém vai cobrar outras prioridades dos dirigentes. Fica, no entanto, sobre os ombros do atleta a responsabilidade de mostrar, com qualidade técnica e profissionalismo, que o esforço imenso do clube não foi em vão e que sua busca foi uma tacada de mestre na verdadeira sinuca do futebol.