Se o presidente Romildo Bolzan me permitir a liberdade de de dar-lhe um conselho, aqui está: contrate Rafael Santos Borré. Mesmo que ele custe bem mais do que o Grêmio costuma pagar para suas maiores estrelas. O colombiano de 25 anos é um investimento certo. Pelos gols, pelo que mostra em campo, o que já vemos neste River Plate vencedor de Gallardo, e pelo que faz fora de campo. Borré é um jogador de outra turma, daquela dos atletas na acepção da palavra, pertencentes a uma estirpe que enxerga o futuro além do jogo de domingo ou do campeonato em disputa.
Procurando informações sobre o colombiano, topei com uma entrevista concedida pela mulher dele, a jornalista Ana Caicedo, Ali entendi por que o jogador que mofava na reserva do Villarreal virou o principal nome de um River Plate histórico como é este de Gallardo. Borré chegou a cogitar desistir de tudo em 2017, ao receber a notícia no Villarreal de que não teria espaço. Havia sido comprado pelo Atlético de Madrid, aos 18 anos, e deixado o Deportivo Cali como a nova "pérola" do futebol colombiano. O Atlético o emprestou ao Villarreal, e ele caiu no ostracismo. Pensou em deixar tudo e voltar para sua Barranquilla. Foi demovido pela mulher.
Meses depois, o River apareceu através de um telefonema de Gallardo. Borré sabia que seria reserva, mas, ao menos, o técnico o queria lá. Só que no campo, a bola insistia em não entrar. Os gols perdidos já criavam um ranço da torcida. Depois de um clássico com o Boca, derrota de 2 a 1, ele decidiu procurar ajuda para recuperar a confiança. Um coach passou a orientá-lo. Ganhou confiança e avançou algumas casas no grupo. Na parada para a Copa do Mundo, em 2018, ele tomou outra decisão que mudaria de vez a sua vida: contratou Jaime Pabón, um treinador de atacantes responsável por tornar Mo Salah numa máquina de gols. O resultado, por exemplo, foi o gol na Arena, que começou a eliminar o Grêmio na semifinal da Libertadores de 2018.
Mais um exemplo do profissionalismo de Borré foi dado na quarentena, em 2020. Ele voltou para a Colômbia e, lá, contratou os serviços da Soccer Personal Training, centro de excelência que trabalha, por exemplo, com Duvan Zapata, da Atalanta, e Carlos Bacca, do Villarreal. O resultado foi que acabou como goleador da Superliga 2020, com 12 gols, e acaba de se tornar o goleador da Era Gallardo, com 52. Ah, um detalhe do qual estava esquecendo. Borré é conhecido pelo apelido de "Lá Máquina". Agora, a gente sabe o porquê.