A liderançado Inter no Brasileirão, ainda que com vantagem encurtada para o Flamengo, é fruto da competência coletiva do time orientado por Abel Braga e de um equilíbrio físico que permitiu uma notável série de vitórias e que ainda sustenta uma invencibilidade de 10 jogos.
Por mais que a campanha tenha sido torpedeada por lesões graves de jogadores como Guerrero, Saravia, Boschilia e Rodrigo Moledo, funcionaram as reposições de maneira surpreendente, e não há um comprometimento no desempenho. Há, no entanto, um limite, e esta etapa final de competição desafia o elenco que um dia foi chamado de "curto" por Eduardo Coudet. Com a superação física sendo marca da equipe de Abel Braga, há motivos de preocupação num momento em que é preciso aceleração máxima na busca do título.
Thiago Galhardo foi a baixa mais recente, mas com chances de voltar à equipe já nos próximos jogos. Ele será reforço importante, mesmo que não volte imediatamente como titular.
Numa fase em que não há mais lugar para preservação, um nome surge como fundamental para o time e que não pode pensar em lesão: Patrick. O volante que virou meia é a grande individualidade colorada e o maior exemplo de uso extremo da intensidade do corpo aliada ao drible e à condução de bola com qualidade.
Seu nível de desgaste é altíssimo, e ele não disfarça. Seu histórico de problemas musculares também mostra o risco que corre ao se entregar muito nas partidas. Administrar sua presença em campo o mais tempo possível sem que corra algum perigo de se machucar é um dos maiores desafios de Abel Braga e do preparador físico Cristiano Nunes.
Além de Patrick, outros avalistas da intensidade colorada são o também insubstituível Edenilson, este mais adaptado como o ritmista da equipe, ou os laterais. Tanto Rodinei como Moisés se destacam pela força e precisam de extrema resistência para o constante movimento de defesa e ataque, e assim precisam jogar o máximo de tempo possível. A diferença no setor é que há reposições de boa qualidade, embora menos intensas como Heitor na direita e, principalmente, Uendel na esquerda.
O Inter precisará jogar com a corda esticada até o final, sofrendo todas as ameaças da mesma arrebentar. A ordem é aceleração máxima, ainda que o motor corra riscos. Foi assim que o time chegou onde chegou.
Sejam com as providências que forem, treinamentos especiais, troca de atletas nos jogos ou até com trabalho psicológico, o que não pode acontecer para o grupo colorado é perder sua intensidade física ou ter uma baixa importante por desgaste excessivo. Não há mais como baixar a rotação. Agora, é sacrifício puro.