Na linguagem popular do futebol, o Inter entregou o jogo para o Sport em pleno Beira-Rio. Assim como o resultado de 2 a 1 pode ter salvado os pernambucanos do rebaixamento, a derrota abala profundamente a campanha colorada. Ainda que a liderança do Brasileirão esteja mantida, o revés pode significar o início do fim do sonho do tetra brasileiro. O motivo para tal turbulência não está apenas nos pontos perdidos, mas na maneira como aconteceu, numa sucessão de desastres inconcebíveis para quem está tão próximo de uma conquista.
Tudo o que ocorreu de errado para o time de Abel Braga foi total responsabilidade colorada. No primeiro tempo só faltou um gol contra para completar o festival de horrores. Antes de qualquer erro individual, o Inter já exagerava em jogadas aéreas contra uma zaga adversária muito mais alta e com um defensor a mais estrategicamente colocado por Jair Ventura.
A expulsão de Uendel é fruto de uma falha individual bisonha que o obriga a uma falta típica de cartão vermelho. Ali começava a desarticulação do time que contagiaria o competente Rodrigo Dourado, outro a dar um presente para o adversário, mas este com o gol do Sport como consequência.
O empate obtido por Patrick nada significou diante da vocação colorada de errar de maneira escandalosa na partida. É inominável a autossuficiência dos defensores, em especial do goleiro Marcelo Lomba, ao abandonar uma jogada antes do árbitro mandar parar a bola.
Por mais que se pudesse discutir se o cruzamento do Sport foi por fora de campo no segundo gol, foi mais do que ingenuidade a paralisia do Inter. Não bastasse tudo isto, o descontrole emocional saiu das quatro linhas. Nada justifica um reserva como Zé Gabriel receber cartão vermelho no banco ou, já no segundo tempo, Leandro Fernández levar um amarelo.
Se há responsabilidades pontuais em Uendel, Rodrigo Dourado ou Lomba, o coletivo colorado se perdeu completamente depois de tantas jogadas erradas. Isto também passa pelo técnico que não conseguiu corrigir a insistência aérea da equipe até o momento em que reforçou o ataque com Abel Hernández.
As mudanças na etapa final simplesmente não surtiram efeito. O desgaste físico do Inter já é prejuízo certo para o jogo diante do desesperado Vasco em São Januário, quando Patrick será desfalque grave pelo terceiro cartão amarelo.
A preciosa vantagem esperada de quatro pontos se esvaiu e caiu para um mísero, mas importante pontinho, tendo que enfrentar o temível Flamengo no Maracanã na penúltima rodada. Resta saber se no aspecto moral o abalo não foi até maior do que na tabela. O tetra segue sendo sonho, mas a noite no Beira-Rio foi um assustador pesadelo.