O São Paulo foi à CBF. Seus dirigentes se reuniram com o chefe da arbitragem, Leonardo Gaciba, e, por não concordarem com a escala e terem queixas de jogos anteriores, pediram troca no comando do jogo contra o Grêmio. O resultado foi que Rodolfo Toski Marques, juiz contra o qual havia reclamações, foi retirado da partida, ele que estava escalado como árbitro de vídeo principal. Isto é veto e tem um preço muito alto para a competição e muito seriamente para profissional vetado.
Era o dia 31 de abril de 2000. Num Gre-Nal no Beira-Rio, Ronaldinho marcou um gol após dominar a bola com auxílio a mão no centro do gramado. Era o segundo clássico do jovem árbitro Leonardo Gaciba, um dos mais promissores do Rio Grande do Sul e que posteriormente se revelou o melhor do Brasil em três temporadas. Meses depois daquele jogo, ele voltou a apitar o confronto. Novas polêmicas surgiram envolvendo expulsões de jogadores do Inter, e o Grêmio venceu a partida por 2 a 1. Foi o que bastou para a diretoria colorada ir ao presidente da Federação Gaúcha de Futebol, Emídio Perondi, para pedir o banimento do juiz de seus jogos.
Por incrível que pareça, o veto colorado teve eco. Leonardo Gaciba pagou por duas arbitragens contestadas com um absurdo afastamento de um ano e meio em jogos do Inter no Gauchão. Obviamente isto teve reflexo em sua ascendente carreira. De clássicos ele ficou afastado por dois anos e quatro meses, mesmo que na época já dividisse com Carlos Simon a condição de melhor árbitro do estado. Só em 2004, com a posse de Francisco Novelletto na FGF é que tudo voltou ao normal. Esta é uma página manchada na história do futebol gaúcho, mostrando uma submissão de uma entidade aos caprichos de dirigentes torcedores.
Foi exatamente isto que ocorreu 20 anos depois em relação ao São Paulo. Foi feita a vontade de um clube poderoso. Criou-se um clima natural de intimidação a partir da aprovação de um veto. Curioso é que quem atendeu ao veto agora, foi o injustamente vetado de duas décadas atrás.