A nova formatação do departamento de futebol do Inter criou uma realidade bem diferente de tudo aquilo que se costuma ver no futebol gaúcho, especialmente nos lados do Beira-Rio. Não há a figura do vice-presidente da área, e o presidente já disse que, embora mais presente no vestiário, não acumulará o cargo.
Em meio a Libertadores e Brasileirão e às portas da Copa do Brasil, o comando de fato, mais do que nunca, é de Rodrigo Caetano — cujo compromisso com o clube vai até o final de dezembro, enquanto o Campeonato Brasileiro virará o ano novo e seguirá até fevereiro.
Seria quase óbvio prever que haverá uma prorrogação de compromisso até o encerramento da temporada atípica, mas esta lógica se quebra pelo fato de não se saber quem será o novo presidente do clube para 2021. Como comandante do futebol colorado e sem copiloto, Caetano não sabe se sua viagem não será interrompida, seja por vontade própria ou por desistência do novo mandatário.
Por mais que já fosse, como o nome do cargo diz, o executivo do futebol, o realizador de negócios, o intermediário entre os cargos políticos e os jogadores e comissão técnica, há uma nova responsabilidade para Rodrigo Caetano. Ele tem de tentar evitar que o vestiário seja contaminado pela efervescência política e pela alteração das relações entre os dirigentes, que nada mais são do que seus superiores.
É ao diretor que ficou a missão de sair em busca de reforços ao mesmo tempo em que tenta tirar do abatimento o técnico Eduardo Coudet. Não bastasse tudo isso, ainda precisará dar satisfação ao torcedor nas entrevistas coletivas.
Não há como negar que o futuro do Inter dentro do campo estará intimamente ligado ao desempenho do agora sobrecarregado Rodrigo Caetano. Coragem para encarar não lhe faltará. Competente, sabemos que ele é. Mas uma missão como esta se coloca acima da competência. Passando a turbulência inicial, é possível um pouso tranquilo, talvez independente das urnas coloradas.