O maior favorito para um Brasileirão nos últimos anos está fazendo tudo o que não se acreditava que poderia fazer, mas se transformou numa alegria geral para os adversários e uma preocupação inesperada para seus torcedores. Se a derrota para o Atlético-MG na primeira rodada não significou praticamente nada para o Flamengo pela qualidade do jogo apresentado e a condição do Galo, a goleada sofrida ara o outro Atlético, o goianiense, tomou contornos de fiasco. Com Domènec Torrent são dois jogos e duas derrotas consecutivas, algo que jamais aconteceu com o antecessor Jorge Jesus.
Para o Flamengo ser desbancado da condição de favorito ao título do Brasileirão ele teria, ou terá que colaborar. O início da competição cria a ideia de que esta colaboração não é impossível de acontecer. O novo técnico já cometeu seus pecados. No jogo contra o Galo, as trocas não funcionaram e o time cedeu espaço após a intervenção do treinador. Na partida em Goiânia, a opção de escalação sem Arrascaeta e de um sistema inédito de três zagueiros, com Rodrigo Caio no lado direito, causou estranheza e mereceu a acusação de se tratar de "invenção", segundo os próprios flamenguistas. Não é a melhor maneira de se começar um trabalho.
Também é interessante prestar atenção no ambiente rubro-negro. O pedido de desculpas de Bruno Henrique para Gabigol tendo de ser feito nos meios de comunicação por causa de uma jogada mal-sucedida é um exagero. Num grupo coeso, estas coisas são absorvidas naturalmente. O elenco do Flamengo é o que se chama de "pesado", dada a valorização dos atletas, e a maior ameaça que paira numa situação destas é a desarmonia, algo que o clube já sentiu quando, nos anos 90, tinha um "ataque dos sonhos" com Edmundo, Romário e Sávio.
Os outros 19 clubes do Brasileirão estão esfregando as mãos. Eles sabem, todavia, que é muito cedo para qualquer conclusão quando se trata de um plantel como o do Flamengo e cujo técnico ainda está em adaptação. O que os anima é que ninguém esperava que o campeão da América, passadas duas rodadas estaria neste extremo da tabela, o de baixo.