A discussão dos últimos tempos no futebol brasileiro diz respeito à qualidade maior ou menor dos técnicos de outros países. A teoria a favor dos estrangeiros ganha força ao se analisar o Brasileirão de 2019, quando um português e um argentino, Jorge Jesus e Jorge Sampaoli, chegaram nas primeiras posições.
O argumento fica mais robusto ainda ao se constatar que, no momento, outro argentino, Eduardo Coudet, é líder do campeonato de 2020. O equilíbrio no debate pode vir com os fracassos do venezuelano Dudamel, no Atlético-MG, e do português Josualdo Ferreira, no Santos. O que poderia, e deveria, ser ingrediente da polêmica é a inatividade de ex-técnicos da Seleção Brasileira.
A Seleção tem 11 ex-treinadores vivos. Destes, Zagallo, Evaristo de Macedo, Edu Antunes e Carlos Alberto Parreira encerraram as carreiras. Sebastião Lazaroni e Émerson Leão também não atuam mais na função, embora nunca tenham feito um anúncio oficial. Estes casos são diferentes do de Paulo Roberto Falcão, que ainda se coloca no mercado, por mais que não surjam especulações para retomar a atividade em clubes ou seleções.
Os mais recentes no cargo de treinador do Brasil também chamam muito a atenção. Dunga, que comandou a Seleção em dois períodos e o Inter em 2013, se mostra confortável com a família — e não se fala em propostas de trabalho para ele.
Luiz Felipe Scolari, com um título mundial conquistado, um vice-campeonato europeu de seleções e uma carreira de inúmeras conquistas com clubes brasileiros e estrangeiros, poderia muito bem anunciar sua aposentadoria, algo que não fez e que o mantém ao alcance de propostas. Antes da parada da pandemia, cogitou-se um retorno ao Oriente Médio, o que acabou não se confirmando.
E há ainda Mano Menezes, que no ano passado treinou o Cruzeiro, substituiu Felipão no Palmeiras e ficou sem clube em 2020, embora tenha recebido propostas.
De todos os antecessores de Tite no comando da Seleção Brasileira, o único que está na ativa é Vanderlei Luxemburgo. Campeão paulista pelo Palmeiras e ocupando a quarta posição no Brasileirão, Luxa é alvo de debates sobre sua condição de moderno ou ultrapassado. Isto não importa. O que vale é que ele faz parte de uma elite que esteve no mais cobiçado posto que um técnico do Brasil pode almejar.
Seria muito bom ver os outros que ainda estão em atividade trabalhando para enfrentar, ensinar e aprender com os estrangeiros que aqui estão dominando nossas competições.