Ao começar a disputa das semifinais da Liga dos Campeões em Lisboa, ainda repercute a maior derrota da história do grande Barcelona. As consequências no clube catalão dos 2 x 8 sofridos diante do Bayern de Munique já são graves. O técnico caiu, o presidente pode sair, Messi está se justificando, outros jogadores estão sendo oferecidos; enfim, o Camp Nou está sob efeito de um terremoto. Dentre as coisas que podiam ser levadas de roldão está algo que parece pequeno, mas que deveria ser alvo de atenção e banimento: a desastrosa camisa quadriculada.
Sem conservadorismo exagerado, o Barça, que por mais de um século ensinou o futebol mundial a ser clássico em seus uniformes, sofreu seu maior vexame vestido de maneira extravagantemente feia. O clube catalão, é verdade, já ganhou a própria Liga dos Campeões usando nas campanhas, mas nunca nas decisões, camisetas até fora do padrão azul e grená. Contra o Bayern, na última quarta-feira (12), a definição oficial colocou o Barcelona com seu uniforme "principal" e ele apresentou aquele que estava usando durante a desastrada, e sem título, temporada de 2019/ 2020. Merecia, também por isto, ser bem castigado.
Mesmo vendendo milhões de camisas mundo a fora, por mais ridículas que elas sejam, os clubes se entregam ao marketing e esquecem muitas vezes suas tradições. A camisa principal do Barcelona tem, por definição e consagração pelo uso, listras verticais em azul e grená, podendo apresentar pequenos detalhes em amarelo, como será a da próxima temporada. O resto é invenção, delírio e até desrespeito em nome de um apelo comercial muitas vezes desnecessário.
O que vale para o Barcelona, lá na Espanha, deve nortear o pensamento de todos os clubes tradicionais do mundo, em especial no Brasil. Camisa principal é manto sagrado, bem sagrado. Mesmo os uniformes reservas devem ter lá seus cuidados. Coisas como o Palmeiras, conhecido como "Verdão", jogar de azul é totalmente fora do padrão, bem como o São Paulo que também resolveu azular de uns tempos para cá. O Corinthians, há alguns anos inventou uma camisa roxa para mostrar que seus torcedores eram "corintianos roxos", e o Inter apareceu numa partida em 2018 vestido de cinza para lembrar o cimento cinzento das arquibancadas. Menos...bem menos. Os deuses do futebol estão de olho e ninguém, nem o Barça, está livre de um castigo de 8 a 2.