É notório, coerente e rígido o cuidado do prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Júnior, em relação a sua comunidade e a pandemia. Ele vem arcando com as consequências de suas ações que despertam críticas de muitas categorias que sofrem restrições em suas atividades. Convicto de que o futebol não deveria acontecer na cidade no pior momento das curvas de contágio e óbitos por coronavírus, o chefe do Executivo municipal está diante de argumentos novos buscando a flexibilização.
Quando decretou que não havia condições para jogos em Porto Alegre, Marchezan não proibiu os treinamentos de conjunto. Muitos acharam isto incoerente, já que as partidas são como os treinos coletivos, só que valendo pontos.
A preocupação do prefeito estava além dos estádios. Não havia a noção da reação das pessoas movidas pela paixão por seus clubes. Existia a dúvida sobre aglomerações, domésticas ou públicas. Além disto, as chamadas atividades prioritárias da economia exerceram legítima pressão e comparação com o futebol, deixando as autoridades em situação de impasse.
Passadas três rodadas completas de Gauchão, uma delas com clássicos, sendo o mais importante deles um Gre-Nal com TV aberta, há elementos fortes nas mãos de Grêmio, Inter e Federação Gaúcha de Futebol. Na questão sanitária, nenhum caso de testagem positiva afetou as partidas, seja de jogadores ou demais envolvidos nos confrontos.
O segundo ponto positivo é de que Arena e Beira-Rio seguem sendo locais com segurança sanitária maior do que todos já utilizados com equipamentos que não foram utilizados no Interior. Por fim, o mais importante é que são quase zero os registros de aglomerações neste período, especialmente em Porto Alegre. Surpreende e felizmente não houve em profusão reuniões em bar, churrascadas programadas e grandes festejos pela rua.
Isto tudo foi apresentado ao prefeito porto-alegrense e merece uma apreciação positiva. Os fatos apresentados não tiram a preocupação, mas se mostram suficientes para uma reconsideração na proibição. O que foi proposto pelos responsáveis pelo futebol está cumprido até agora e merece crédito. Nelson Marchezan Júnior não estará perdendo a autoridade e a coerência ou deixando de ser zeloso e rígido, se liberar as partidas na capital gaúcha. A impressão que se tem, aliás, é de que isto vai acontecer.